“Estas tragédias têm de acabar”, diz Obama

Numa cerimónia religiosa em memória das vítimas do tiroteio de sexta-feira, o Presidente americano sugere que é tempo de mudar a regulação do uso de armas.

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Obama emocionado durante um discurso na cidade da tragédia Mandel Ngan/AFP
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Vigília em Newtown foi acompanhada de perto e de longe
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Presidente foi pela quarta vez a uma cidade em que houve tiroteio mortífero
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Vigília inter-religiosa de domingo antecede os primeiros funerais
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A cara do Presidente americano é a da consternação perante os múltiplos assassínios

O Presidente norte-americano Barack Obama prometeu ontem à noite fazer tudo o que o seu cargo permite para evitar que tiroteios em massa como o que aconteceu numa escola primária em Newtown, no Connecticut, na sexta-feira, se repitam.

Falando numa cerimónia inter-religiosa em Newtown, depois de se encontrar em privado com os familiares das 26 vítimas – incluindo 20 crianças entre os seis e os sete anos –, Obama notou que esta era a quarta vez, desde que é Presidente, que visitava uma “comunidade dilacerada por um tiroteio em massa”.

“Não podemos tolerar mais isto. Estas tragédias têm de acabar”, disse, num discurso de 19 minutos em que nunca se referiu directamente a uma maior regulação do uso de armas nos Estados Unidos – talvez porque isso seria um discurso político e ele estava ali para consolar uma comunidade e o país – mas isso esteve subentendido o tempo todo. 

“Não podemos aceitar que acontecimentos como este sejam rotina”, disse, falando no auditório do liceu de Newtown, a partir de um palco com um pano de fundo negro. Obama disse que o país falhara em manter as suas crianças seguras e que chegou o momento de “mudar”.

“Vamos ouvir dizer que as causas deste tipo de violência são complexas, o que é verdade. Nenhuma lei nem conjunto de leis pode erradicar o mal do mundo ou prevenir todos os actos de violência sem sentido na nossa sociedade. Mas não podemos usar isso como uma desculpa para não fazermos nada.”

Barack Obama não indicou medidas específicas, mas nos seus quatro anos na Casa Branca nunca tinha dado um sinal tão claro de que está disposto a introduzir reformas para controlar o acesso e utilização de armas.

Quando foi eleito pela primeira vez, em 2008, as vendas de armas nos Estados Unidos aumentaram, impulsionadas pelo receio de muitos americanos – que não tinham votado em Obama – de que o Presidente viesse a limitar a posse de armas, o que nunca  aconteceu. Obama nem sequer deu qualquer indicação de que tencionava lidar com a questão. Até domingo.

O governador do estado do Connecticut, Dannel Malloy, que falou antes, notou que Obama lhe dissera que o dia mais difícil da sua presidência tinha sido sexta-feira, quando tomou conhecimento do que acontecera em Newtown.

Nesse dia, Obama fez uma breve e emocionada declaração a partir da Casa Branca, limpando as lágrimas e indicando que estava a falar, acima de tudo, como pai de duas filhas. 

No domingo, em Newtown, Obama leu os nomes de todas as crianças que morreram no tiroteio de sexta-feira. “Charlotte. Daniel. Olivia. Josephine. Ana. Dillon. Madeleine. Catherine. Chase. Jesse. James. Grace. Emilie. Jack. Noah. Caroline. Jessica. Benjamin. Avielle. Allison.”

“Deus chamou-as para a Sua casa. Que aqueles de nós que ficaram possam encontrar a força para continuar e tornar o nosso país digno da sua memória”, concluiu.

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