2012 poderá ser o melhor ano de sempre nas bilheteiras dos EUA

Em plena recessão, as receitas de venda de bilhetes aproximam-se dos 8,2 mil milhões de euros nos EUA. Em Portugal, até Novembro, as salas perderam 1,6 milhões de espectadores – e as receitas não prometem crescer em 2012.

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As salas de cinema não estão mais cheias em Portugal, mas nos EUA podem ter mais espectadores em 2012 Pedro Cunha

O Hobbit, o regresso de Peter Jackson ao universo de J.R.R. Tolkien que se estreia hoje nas salas portuguesas, pode ser a gota de água que fará transbordar o copo dos lucros de Hollywood: segundo estima a revista Variety, este ano pode ser batido o recorde de receitas de venda de bilhetes nas salas de cinema dos EUA, com o potencial para atingir os 8,2 mil milhões de euros. Já em Portugal, as salas perderam até Novembro 5,3 milhões de euros de receitas em relação a 2011, num total de 66,1 milhões de euros de receitas - e 1,6 milhões de espectadores.

No fundo, também em Portugal muito depende de um pequeno hobbit em viagem pela Terra Média, mas desta feita para se estabelecer se este foi novamente um ano de perdas de receitas e de espectadores nas salas de cinema, como 2011 - ou para operar uma reviravolta, típica do mês dos filmes de Natal e do aumento de idas ao cinema, na tendência negativa que se adivinha para o ano nacional. Em comparação com os primeiros onze meses de 2011, este ano as salas portuguesas perderam 1,6 milhões de espectadores (menos 12% em relação ao período homólogo) e as receitas tiveram uma quebra de 7,5%.

Mas voltando aos EUA, e como escreve a revista norte-americana Variety, se as previsões quanto à estreia desta sexta-feira no país de O Hobbit - Uma Viagem Inesperada se cumprirem e o filme arrecadar mais de 76,5 milhões de euros, Hollywood terá feito em 2012 mais de 8,2 mil milhões de euros em receitas. Em 2009, outro ano de recordes, as vendas de bilhetes nos EUA representaram 8,1 mil milhões de euros.

E tudo indica que o mesmo acontecerá com os números internacionais – as receitas mundiais neste ano de profunda crise financeira na Europa e América do Norte prometem bater outro recorde e firmar-se acima dos 15,3 mil milhões de euros.

Mas tudo isto não representa subidas astronómicas no número de espectadores – nos EUA, o número de pessoas nas salas tem vindo a cair, apesar de os dados da associação nacional de exibidores citados pela Variety para 2012 (até à data) indicarem que há uma melhoria de 6% em relação a 2011, que pode dar aos EUA o terceiro melhor ano de lotação desde 2002, com 1,36 mil milhões de idas ao cinema.

Mas por que é que um pequeno grande Hobbit rodado na Nova Zelândia é tão importante na mais congestionada época de estreias de Natal de sempre nos EUA, para além de ser o ressuscitar de um franchise já bem lucrativo na primeira década do século XXI? Porque é uma aventura em 3D e uma aventura em 3D no novo formato de 48 fotogramas por segundo, além da tradicional versão digital sem feiticeiros a sair do ecrã. São “mais opções de formatos premium”, como descreve a Variety, que representam bilhetes mais caros. O Hobbit terá de fazer cerca de 612 milhões de euros em vendas de ingressos para que o recorde seja batido nos EUA, mas há ainda Os Miseráveis ou o novo Tarantino, Django Unchained, para agitar o box-office até ao final de Dezembro.

Portugal em quebra

Em Portugal, no ano de 2011 as salas receberam 15,7 milhões de espectadores, que gastaram na compra de bilhetes 79,9 milhões de euros, segundo o Instituto do Cinema e do Audiovisual (ICA). Nos últimos oito anos, a evolução tem sido em contraciclo com a contracção do consumo e da crise financeira: arrancando em 2004 com receitas de 71,1 nas bilheteiras e passando por um período de contracção entre 2005 e 2008, sempre abaixo da barreira dos 70 milhões, em 2009 (e um ano após o fim da bolha das sub-prime nos EUA e do início da crise) dá-se um salto para os 73,8 milhões de euros, melhorados em 2010 com 82,2 milhões em vendas de bilhetes em Portugal. Mas o ano de 2011 representa já uma descida de 2,3 milhões de euros em relação ao anterior. Já em número de espectadores, nunca mais foi atingido o pico dos 17,1 milhões de 2004, com oscilações entre os 15,7 de 2009 – um dos anos em que há um aumento significativo nas receitas -, os 16,6 de 2010 e os 15,7 de 2011. 

Uma repetição do cenário de quebra de 2011 (tanto na receita quanto em número de espectadores) parece perfilar-se para este ano. Até ao final de Novembro, a receita acumulada dos primeiros onze meses do ano era de 66,1 milhões de euros, menos 7,5% do que no mesmo período de 2011 - com picos de receitas no Verão dos blockbusters, em Julho e Agosto, - o que aumenta a pressão sobre os filmes do Natal ou pré-candidatos a nomeação aos Óscares em estreia nas próximas duas semanas.

Quanto ao número de espectadores, também em 2012 parece desenhar-se uma quebra em relação ao ano anterior. Até Novembro, o ICA contabilizou 12.348 milhões de ingressos nas salas – menos 12% do que no período homólogo de 2011, o que representa a perda de 1,6 milhões de espectadores. Ou seja, também no mercado português se verifica uma quebra no número de pessoas que vai ao cinema e que não é tão marcada quanto a queda nas receitas, atribuindo-se em grande parte à subida do preço dos ingressos a manutenção ou até a subida das receitas de box-office.
 

Notícia corrigida às 15h09
 
 
 
 
 
 

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