Segurança Social fecha lar ilegal em Azeitão e devolve idosos às famílias

Lar tinha recebido ordem de fecho em Outubro, mas continuava a funcionar sem licença. Reportagem da TVI denunciou maus tratos a idosos.

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O proprietário do lar negou que os idosos fossem vítimas de maus-tratos Daniel Rocha

Os idosos que terão sido vítimas de maus tratos num lar em Azeitão, Setúbal, mandado encerrar pela Segurança Social, vão ser retirados nesta terça-feira e devem ser levados para a Junta de Freguesia de São Lourenço até que as famílias os recolham, disse à agência Lusa fonte da Segurança Social.

A mesma fonte adiantou estarem a caminho do lar duas carrinhas para retirar os sete idosos que ainda se encontram naquela unidade de assistência à terceira idade, devendo estes ser transportados para a junta de freguesia, onde irá funcionar um centro de atendimento para lhes ministrar refeições até que as famílias os recolham. Só ao final da tarde se deverá proceder à entrega das sete pessoas às respectivas famílias.

Nas instalações do lar Idoso 24 estiveram esta manhã quatro elementos da Segurança Social e seis da Direcção Regional de Saúde de Setúbal a inspeccionar as condições em que ali viviam os idosos, e que determinaram entretanto o encerramento do lar com carácter imediato.

A TVI mostrou na segunda-feira uma reportagem com imagens do lar, onde uma dezena de idosos passariam alegadamente fome e frio, seriam maltratados e receberiam medicação a mais. O lar funcionava desde Janeiro deste ano, tendo chegado a acolher 20 idosos, sendo que nenhum recebia comparticipação da Segurança Social. O preço cobrado por idoso oscilava entre os 420 e 495 euros.

O proprietário do lar já admitiu que as instalações nunca funcionaram nas condições exigidas pela Segurança Social, mas negou que os idosos fossem vítimas de maus tratos ou passassem fome. Segundo Carlos Prado, as acusações terão partido de antigas funcionárias que foram despedidas por dormirem no lar.

O lar Idoso 24 recebeu uma ordem de “encerramento administrativo” do Instituto da Segurança Social (ISS) a 1 de Outubro por funcionar sem licença e de forma ilegal. Segundo uma assessora do instituto, a ordem de fecho foi determinada depois de uma fiscalização que detectou irregularidades que, em todo o caso, não colocavam “em risco a vida ou a integridade física dos idosos”.

Nessa inspecção, feita por técnicos do ISS e acompanhada por elementos da polícia, verificou-se que o referido estabelecimento apresentava graves deficiências ao nível das instalações, do funcionamento, da higiene e do conforto dos idosos, “pondo em causa a sua qualidade de vida", referiu fonte da assessoria do instituto. O lar deveria ter fechado em 30 dias.

O proprietário acrescentou que não fechou o lar quando foi alertado pela Segurança Social para o fazer porque as famílias lhe pediram para dilatar o prazo de encerramento e porque, apesar de ter pedido auxílio à Segurança Social, não recebeu esse apoio.

O Instituto da Segurança Social fiscalizou, entre Janeiro e final de Novembro, 619 lares de idosos em todo o país: 71 receberam ordem de encerramento, 65 administrativos e seis urgentes.
 

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