Mario Monti afasta candidatura

O ainda primeiro-ministro italiano afirmou não estar a considerar candidatar-se nas próximas eleições e que as oscilações nos mercados, em reacção à sua demissão, não devem ser dramatizadas.

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O primeiro-ministro italiano afirmou que está esperançoso que as próximas eleições dêem lugar a um "Governo responsável" Daniel Sannum-Lauten/AFP

Mario Monti, que anunciou este fim-de-semana que se iria demitir do cargo de primeiro-ministro italiano depois da aprovação do Orçamento do Estado para 2013, afirmou esta segunda-feira que não está a considerar assumir uma candidatura para as eleições antecipadas, avança a Reuters.

"Não estou a considerar essa questão, nesta altura. Todos os meus esforços estão concentrados nas tarefas a cumprir durante o tempo que resta ao actual Governo", disse aos jornalistas, em Oslo, onde se encontra para as cerimónias de entrega do prémio Nobel da Paz à União Europeia. 

O primeiro-ministro italiano, que sucedeu a Silvio Berlusconi em 2011, entendeu que havia perdido o apoio do maior partido da oposição, o Povo da Liberdade, outrora liderado por Silvio Berlusconi. Depois de o anterior primeiro-ministro ter pedido ao seu partido de centro-direita para votar contra as propostas do Governo de Mario Monti, o PdL não votou a favor do executivo por duas vezes, apesar de já se ter comprometido com o “sim” ao Orçamento do Estado para 2013. No sábado, data do anúncio da demissão de Monti, Silvio Berlusconi anunciou que se iria candidatar a líder do Governo nas próximas eleições legislativas.

No rescaldo do anúncio de demissão do primeiro-ministro italiano deste fim-de-semana, os mercados castigaram os juros sobre a dívida de Itália e da Espanha no mercado secundário. No entanto, segundo afirmou Mario Monti esta segunda-feira, estas oscilações “não devem ser dramatizadas”.

A escalada na taxa de juros da dívida a 10 anos mantinha-se por volta das 16h30. Esta segunda-feira, os juros da dívida a 10 anos de Itália atingiam os 4,80%, uma escalada de cerca de 30 pontos base (0,3%) em relação ao mínimo de 4,40% que o mercado secundário de dívida havia registado no início da semana passada e que se mantinha como o valor mais baixo dos últimos dois anos. No entanto, a pressão sobre o principal índice italiano, o FTMIB, atenuava-se esta tarde. Em vez da queda de cerca de 3% no índice de Milão desta manhã, o FTMIB registava uma quebra de 2,28%.

Os efeitos do anúncio da demissão de Mario Monti no mercado de dívida alastraram-se a Espanha, ainda que se tenham atenuado esta tarde. Se, na manhã desta segunda-feira, os juros da dívida a 10 anos de Madrid subiam para os 5,61% face aos 5,45% registados na sexta-feira, ao início da tarde, porém, a taxa de juro situava-se nos 5,51%.

Desde que Monti assumiu o cargo de primeiro-ministro de Itália que os mercados da dívida têm atenuado paulatinamente a sua pressão sobre os juros da dívida italiana. Este estado de relativa acalmia veio a ser reforçado pelas declarações de Mario Draghi, o presidente do Banco Central Europeu, em Setembro, altura em que revelou o programa europeu de compra ilimitada de dívida, ao qual se esperava que Itália e Espanha pudessem recorrer no caso de se agravarem as suas condições de financiamento.

Também esta segunda-feira, o ministro espanhol das Finanças, Luis de Guindos, mostrou-se preocupado face à possibilidade de a agitação nos mercados de dívida soberana causada pela demissão de Mario Monti pudesse atingir Espanha, como se veio a verificar. Numa entrevista a uma rádio espanhola, Luis de Guindos manteve uma porta aberta a um futuro resgate a Espanha, referindo-se a uma possibilidade muitas vezes avançada, mas que, no decorrer dos últimos meses, deixou de ser referida pelo Governo de Madrid. 

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