Trofa, a ligação que ficou por fazer

O provisório foi prolongando-se no tempo e o projecto estará parado até 2014.

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Há quem não tenha motivos para celebrar os dez anos de existência do metro do Porto. Na Trofa, em 2002, o arranque das obras da Linha Verde (quase toda ela sobre o canal da antiga Linha de Guimarães da CP) deixou a população provisoriamente sem transporte ferroviário.

Mas o provisório foi-se prolongando no tempo, com o adiamento da construção do troço entre o Instituto Superior da Maia e a cidade da Trofa. O concurso até chegou a ser lançado mas a crise acabou por levar o Governo a cancelá-lo. Supostamente, o projecto está parado até 2014.  

Em declarações à Lusa, a presidente da Câmara da Trofa, Joana Lima, defendeu que a construção da ligação do Metro do Porto até à Trofa seja considerada prioritária na extensão da rede do metropolitano, esperando que esta seja “retomada”, precisamente em 2014. “Temos consciência e somos responsáveis para saber que não é oportuno avançar [devido à crise], mas o que é um facto é que foram feitos investimentos em centenas de quilómetros de metro em momentos em que o país era próspero e a Trofa não foi contemplada”, disse Joana Limaa propósito dos dez anos do Metro do Porto.

Para a autarca, “é preciso não esquecer que a ligação do metro à Trofa estava integrada na 1.ª fase” da rede, já concluída, e que o concurso para a realização da obra chegou a ser “lançado e depois suspenso”. “O que está dito é que seria suspenso até 2014. Espero que a partir daí se retome este processo com responsabilidade, porque os trofenses viram-se privados de um meio de transporte que tinham, porque havia essa possibilidade forte de ter metro”, sublinhou.

A 24 de Fevereiro de 2002, a circulação ferroviária nas linhas da CP da Póvoa de Varzim e da Trofa foi interrompida para dar início às obras de construção do canal do metro, disponibilizando-se um serviço de transportes alternativos em autocarro aos clientes. A população da Trofa continua sem metro, enquanto a ligação à Póvoa foi inaugurada a 18 de Março de 2006. Para a autarca socialista, que é administradora não executiva da empresa Metro do Porto desde o Verão, “a situação actual não serve os interesses da cidade” e prova disso é “a petição com mais de 10 mil assinaturas” que chegou ao Parlamento este ano.

“Iremos continuar a lutar”, garantiu, acrescentando que o facto de estar na administração da empresa “é um meio e uma forma de estar mais presente e mais perto de uma reivindicação”. Joana Lima salientou ainda que há dez anos que a cidade é pensada em torno do projecto do metro, referindo, a título de exemplo, a obra de requalificação e regeneração do centro que se encontra já “em fase de ser adjudicada”.

A inexistência da ligação do metro até à Trofa originou nas últimas legislativas boicotes eleitorais, mas a autarca disse acreditar que, nas autárquicas de 2013, “os trofenses saberão bem distinguir a responsabilidade de cada um”. A população “sabe bem que eu estarei na linha da frente em defesa deste projecto importante”, sustentou.

Fernando Gomes, o ex-presidente da Câmara do Porto que, politicamente, apresentou pela primeira vez o metro como solução para os problemas de mobilidade da AMP, lamentou a inexistência da ligação à Trofa, considerando ser “a pequenina pedra no sapato neste magnífico projecto”. “Desejo que este projecto prossiga naquilo que ainda falta. Este não é o momento para se fazer, eu sei, vivemos um momento de grande dificuldade, mas ra há um compromisso que não foi cumprido, que é o prolongamento da linha até à Trofa”, sustentou.

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