Passados dez anos, o impacto do metro na região é inferior ou superior àquele que imaginava quando lançou o desafio de se fazer o metropolitano?

Globalmente, é superior. Sob o ponto de vista da melhoria do sistema de transportes na Área Metropolitana, está ao nível do que esperávamos. Mas o que teve um impacto bem mais forte do que as expectativas, a meu ver, foi a reconversão urbanística que motivou ao longo do traçado. Habituados à imagem de degradação que aparece normalmente associada aos trajectos dos transportes de grande capacidade à superfície, este metro é um oásis.

Se fosse hoje, mudava alguma coisa no projecto que acabou por ser concretizado?
Passado todo este tempo, há sempre alguns pequenos ajustamentos que se fariam, como, por exemplo, na linha Trindade-Póvoa de Varzim. Mas a estrutura geral do projecto, tal como acabou por ser implementado, seria de manter.

As várias alterações introduzidas deixaram o preço final do projecto – 2400 milhões de euros – muito longe daqueles 500 milhões (cem milhões de contos) de que se falava inicialmente. E a Metro do Porto tem um passivo a rondar os 3000 milhões. O que é que correu mal, neste aspecto?
Quando o contrato foi assinado por um valor de 845 milhões de euros, já todos sabíamos, Governo incluído, que o valor seria de aproximadamente 1150 milhões de euros, pois não estavam incluídas as expropriações necessárias ao seu desenvolvimento, nem a ponte do Infante. Mas depois houve inúmeras alterações não incluídas no projecto inicial, como o prolongamento para o aeroporto ou a alteração no estádio do Dragão. Mais tarde, uma nova linha para Gondomar. E, sobretudo, a reconversão urbanística que a empresa do metro assumiu nos diferentes concelhos e que deveria ter sido suportada por outros programas. Os municípios fizeram o seu papel ao obterem melhorias muito consideráveis no espaço urbano à conta do metro, mas os compromissos financeiros estão lá para o metro resolver.

Foi uma espécie de sopa de pedra que foi sendo melhorada até se chegar ao que hoje temos. Doutra forma, talvez hoje não tivéssemos este sistema de transporte que é o nosso orgulho.