Jonathan Harvey, compositor da espiritualidade

O compositor britânico de música clássica morreu terça-feira, aos 73 anos, tendo-se evidenciado, desde os anos 1960, pela vontade de alcançar uma expressão estética de cariz religioso através dos meios tecnológicos.

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O compositor britânico de música clássica Jonathan Harvey morreu ontem, aos 73 anos, soube-se esta quarta-feira, através da sua editora, a Faber Music. Há algum tempo que estava confinado à cadeira de rodas por causa de uma doença neurológica. Discípulo de Karlheinz Stockhausen, compunha desde 1960, tendo-se notabilizado na fase inicial pela utilização experimental da instrumentação electrónica.

A partir dos anos 1970, Harvey afirmou a sua singularidade, mergulhando na espiritualidade e nas religiões do mundo. Algumas das suas peças mais conhecidas são Mortuos Plango e Vivos Voco, onde utiliza os sons dos sinos da catedral de Winchester. A essência da sua linguagem musical  pode-se resumir numa contínua vontade de alcançar uma expressão estética de cariz religioso através dos meios tecnológicos.

A música coral adquiriu também grande predominância na sua obra (compôs várias óperas, entre as quais Inquest of Love, encomendada pela English National Opera, que estreou sob a direcção de Mark Elder em 1993), mas a aproximação à religiosidade, influenciado pelo budismo, foi talvez a sua maior influência, numa procura permanente de fusão entre racionalismo e irracionalismo. "A música é para mim uma forma de cobrir um universo mais lato da experiência humana. Quero que ela seja capaz de exprimir a dúvida e o sofrimento da humanidade, assim como a própria divisão entre os homens", disse o compositor.



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