Portugal reduz emissões e já é o 5.º melhor da UE

Energias renováveis representavam em 2010 quase um quarto do total da produção energética do país, indica Relatório do Estado do Ambiente apresentado esta segunda-feira.

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O peso das renováveis na produção energética tem vindo a crescer ano após ano Nuno Ferreira Santos

Portugal apresentou em 2010 uma das mais baixas taxas de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) por habitante da União Europeia (UE), indica o Relatório do Estado do Ambiente que será apresentado esta segunda-feira pela ministra Assunção Cristas.

Em média foram emitidas cinco toneladas de CO2 por habitante, o 5.º lugar mais baixo entre os 27 países da UE, onde o valor médio de emissões atingiu as 9,4 toneladas por habitante.

Segundo uma nota divulgada esta segunda-feira pelo Ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, esta descida ao nível de emissões de GEE, a par da queda nas emissões de substâncias acidificantes e eutrofizantes, não traduz por si só uma melhoria em larga escala. Na verdade, “os episódios de poluição por ozono troposférico evidenciam a manutenção dos níveis de ozono acima do objectivo de longo prazo estabelecido pela legislação aplicável”, lê-se na nota ministerial.

No ano passado registaram-se 22 dias em que os níveis de poluição atmosférica por ozono ultrapassaram o limiar de informação ao público, sobretudo no interior Norte do país — ainda assim, menos que em 2010. Também o número de dias em que a qualidade do ar foi classificada com “muito bom” aumentou face ao ano anterior, enquanto os casos com “mau” foram menos frequentes.

O relatório, da responsabilidade da Agência Portuguesa do Ambiente, coloca também Portugal como o 6.º país da UE com maior dependência energética do exterior, atingindo os 75,8% em 2009. No entanto, diz o documento, “a forte aposta nas energias renováveis na última década conduziu a que, em 2010, o peso destas no total da energia primária tenha atingido o valor mais elevado de sempre”, com 23% do total da energia produzida nesse ano.

 
A caminhar para a desertificação
Também a qualidade da água manteve-se no ano passado em níveis elevados, quer na água para consumo humano (98% de “água segura” na torneira do consumidor) quer na qualidade das águas balneares (com níveis de conformidade muito próximos dos 100%). Já o mesmo não se passa nas bacias hidrográficas nacionais, onde os valores são ainda “muito díspares” e vão do “100% excelente” (a bacia do Arade, no Algarve, por exemplo) ao 100% de qualidade classificada como “má” (caso da bacia do Lis, em Leiria).

Já a valorização dos resíduos de embalagens e o movimento transfronteiriço de resíduos continuaram também a seguir “uma tendência muito positiva”, mas o ministério alerta que “o tratamento e destino final de resíduos urbanos, nomeadamente no que diz respeito ao desvio de resíduos urbanos biodegradáveis de aterro, permanecem abaixo das metas preconizadas”.

A nota do ministério conclui elencando as áreas ambientais onde a prestação do país apresenta “tendências mais desfavoráveis” e a “merecer especial atenção”, desde logo a sua enorme “susceptibilidade à desertificação, que ocorre em mais de metade do território continental (63%), com especial relevância para o Alentejo, particularmente a bacia do Guadiana, o litoral e o nordeste algarvio, Trás-os-Montes e a zona da raia na Beira Baixa”.

Também o aumento da utilização de fertilizantes na agricultura (mais 6% quem em 2009) é outro dos motivos de preocupação do ministério, a par da sobreexploração dos recursos piscícolas. 
 
 

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