Tabaco na Austrália sem logótipos e com imagens chocantes

É o primeiro país do mundo a "apagar" as marcas dos maços de tabaco. Ficam as imagens horríveis.

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A marca aparece discretamente no fundo do maço

Os fumadores australianos disseram hoje adeus aos famosos logótipos e às cores atraentes nos maços de tabaco. As prateleiras perderam o aspecto de paletas e transformaram-se num monótono bloco verde-azeitona: seja qual for a marca, a nova lei impõe que todos os maços devem ter a mesma cor e que sejam ilustrados com imagens e avisos chocantes. Os nomes das marcas também foram uniformizados, sendo agora impressos com o mesmo tipo e tamanho de letra.

“Constatamos que as crianças compreendem desde muito cedo a mensagem que as empresas tabaqueiras tentam vender através da gestão das suas marcas”, disse ao jornal britânico The Guardian a ministra da Saúde australiana, Tanya Plibersek. Para o Governo, o objectivo da nova lei não é tanto levar os fumadores a deixarem de fumar, mas antes prevenir o aumento do número de consumidores, declarando luta às tabaqueiras no seu próprio terreno: o marketing.

Num estudo publicado em 2008, financiado pela organização australiana sem fins lucrativos Cancer Council Victoria, os investigadores concluíram que “os consumidores de maços simples foram classificados como pessoas menos ‘na moda’ e menos sociáveis do que os fumadores dos maços originais”. “Por exemplo”, prossegue o estudo, “maços castanhos com a indicação do número de cigarros e com o nome da marca impresso em letra pequena foram considerados menos atraentes e menos populares do que os maços originais”. Para além das questões relacionadas com a imagem, “os fumadores inferiram que os cigarros dos maços simples seriam menos ricos em tabaco e menos satisfatórios”.

A indústria tabaqueira tentou travar a entrada em vigor da nova lei com o argumento de que será mais fácil contrabandear as marcas, levando a um aumento do consumo. “Ao fabricarmos maços que podem ser copiados com mais facilidade, os produtos de contrafacção vindos da China ou da Indonésia vão chegar às ruas de Sydney, de Melbourne e de todo o país”, alertou Scott McIntyre, porta-voz da delegação australiana da British American Tobacco, em declarações ao The Guardian.

Do outro lado da barricada, as autoridades de saúde dizem não ter dúvidas quanto à eficácia da lei que entrou hojeem vigor. “Sempre que são aprovados avisos mais rígidos, constatamos que há alterações nas taxas de consumo de tabaco. Este é apenas o passo seguinte”, afirmou ao mesmo jornal britânico Becky Freeman, investigadora em saúde pública na Universidade de Sydney.

A Austrália é agora o país com a legislação mais rígida em relação à imagem dos maços de tabaco e pode abrir as portas a decisões semelhantes noutros países — os governos do Canadá, da Noruega, da Índia, da Nova Zelândia e da Turquia estão a estudar a possibilidade de seguir os passos das autoridades australianas.

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