EUA consideram "infeliz e contraproducente" Palestina ser Estado observador da ONU

Embaixadora nas Nações Unidas diz que decisão "não constitui em caso algum" direito a tornar-se membro da organização. Primeiro-ministro de Israel afirma que "não mudará nada no terreno".

Embaixadora Susan Rice disse que a resolução "cria obstáculos" à paz
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Embaixadora Susan Rice disse que a resolução "cria obstáculos" à paz Henny Ray Abram/AFP
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Hillary Clinton marcou o tom da reacção dos EUA Saul Loeb/AFP

Os Estados Unidos consideram “infeliz e contraproducente” a resolução que torna a Palestina membro observador das Nações Unidas.

A expressão foi usada pela secretária de Estado, Hillary Clinton, e retomada pela embaixadora  nas Nações Unidas, Susan Rice, após a votação da noite de quinta-feira.

"Quero dizer algumas palavras  sobre a infeliz e contraproducente resolução da Assembleia Geral das Nações Unidas", disse Clinton, numa iniciativa da revista Foreign Policy, em Washington. "Só com negociações directas entre as partes os palestinianos e os israelitas chegarão à paz que merecem", afirmou.

Ao reagir à decisão, Rice declarou: "A resolução infeliz e contraproducente de hoje coloca ainda mais obstáculos ao caminho para a paz, e é por isso que os Estados Unidos votaram contra”. “Não faz da Palestina um Estado”, acrescentou.

A embaixadora afirmou também que a votação da Assembleia Geral – por 138 votos a favor (entre os quais o de Portugal), nove contra e 41 abstenções – “não constitui em caso algum um direito a tornar-se membro das Nações Unidas”.

O primeiro-ministro israelita, Benjamin  Netanyahu, reagiu dizendo que “a decisão da ONU não mudará nada no terreno": "Não haverá Estado palestiniano sem acordos que garantam a segurança dos cidadãos de Israel”, declarou.

Netanyahu qualificou o discurso feito pelo presidente da Autoridade Palestiniana,  Mahmoud Abbas,  como “difamatório, venenoso, cheio de propaganda falaciosa contra o Exército israelita e os cidadãos de Israel”.

O Canadá, um dos nove países que votaram contra, considera também que a resolução vai “sabotar as fundações de um processo, embora incompleto, que continua a ser a única possibilidade realista de chegar a ver dois Estados viverem em paz um ao lado do outro”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, John Baird.

O Reino Unido, que se absteve, apelou à reabertura de negociações. “Vamos redobrar esforços para retomar um processo de paz e vamos continuar a apoiar o presidente Abbas, a Autoridade Palestiniana, e uma solução com dois Estados”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros, William Hague.

A França, que votou a favor, reagiu pela voz do Presidente. François Hollande considera a resolução “uma escolha coerente com o objectivo de dois Estados viverem em paz e em segurança, afirmada desde 1947”. Apelou também a negociações "sem condições e o mais depressa possível” e ao “diálogo directo”.

O Vaticano, até agora único com estatuto de estado observador nas Nações Unidas, saudou o voto da Assembleia Geral, mas entende que “não é solução suficiente para os problemas da região”.

Portugal reagiu em nota do Ministério dos Negócios Estrangeiros e afirma que a "votação expressiva traduz o reconhecimento da solução de dois Estados como a única via para a paz".
 
 

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