Portugal é o terceiro país europeu com mais novos casos de VIH/sida

Incidência é particularmente alta entre homens que fazem sexo com outros homens e profissionais do sexo, onde atinge oito a 10%. “É um número brutal.”

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Novo secretário de Estado da Saúde veio garantir que situação vai ser regularizada Reuters

A incidência da infecção por VIH/sida entre a população vulnerável é de oito a 10%, uma realidade que o director-geral da Saúde, Francisco George, descreveu esta quinta-feira como “epidemia concentrada”. Portugal é o terceiro país europeu com mais novos casos da doença.

Numa conferência promovida pela Abraço que decorre durante todo o dia em Lisboa, o médico e deputado Baptista Leite indicou que aquela incidência se regista entre homens que fazem sexo com outros homens e profissionais do sexo. “É um número brutal”, disse. A prevalência entre a população geral é de 0,6%.

Segundo o director do Programa Nacional para a Infecção VIH/sida, António Diniz, entre 1983 e 31 de Outubro de 2012 foram notificados em Portugal 42.350 casos de infecção por VIH. Baptista Leite alertou que Portugal ocupa a terceira pior posição em matéria de novas infecções no contexto europeu, onde apenas está à frente da Estónia e da Letónia.

 

Casos disparam

Em cinco anos foram notificados mais dez mil casos de infecção por VIH/sida. Em 2007 havia registo de 32.491 casos. Dados revelados esta quinta-feira por António Dinis dão conta que 40% dos casos de infecção foram registados na zona de Lisboa, 20% na área do Porto e 15% em Setúbal.

A percentagem de casos diagnosticados tem aumentado entre a população heterossexual e homossexual e diminuído entre os toxicodependentes que se injectam, referiu este responsável. 

Baptista Leite lembrou que, a nível mundial, a tendência tem sido de redução quanto a novos casos de infecção, tendo-se registado uma diminuição superior a 50%.

Em Portugal, uma em cada três pessoas potencialmente infectadas com VIH desconhece que se encontra nesta situação, referiu Baptista Leite. Em média, no mundo, isto acontece com uma em cada cinco pessoas infectadas. Esta situação não só potencia novos casos de infecção como pode pôr em causa a vida dos que já estão infectados e não sabem.

“Sem terapêutica adequada, as pessoas morrem em média em 24 meses”, frisou aquele médico. Kamal Mansinho, do Hospital Egas Moniz, indicou a este respeito que, nos últimos dez anos, mais de metade das pessoas diagnosticadas com infecção por VIH no Centro Hospitalar de Lisboa Ocidental já estariam “infectadas há mais de uma década”. Geralmente, este é o período em que a infecção por VIH não produz sintomas.

Estudos internacionais mostram que actualmente, nos países industriais, um jovem de 20 anos infectado com o VIH, quando tratado em tempo útil, pode esperar viver mais 50 anos. Ou seja, frisou Kamal Mansinho, “pode viver 70 anos com qualidade e autonomia”. “É importante que a comunidade, as seguradoras, os empregadores saibam disto”, acrescentou.

 

   

 


 
 
 
 

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