Passos relega Portas para terceiro plano no Governo

O primeiro-ministro diz que Vítor Gaspar é que é o número dois do executivo PSD/CDS.

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Passos garante que o Governo está coeso Miguel Manso

Passos Coelho remeteu na noite desta quarta-feira o líder do partido da coligação governamental, Paulo Portas, para a terceira posição do Governo, afirmando que o número dois é o ministro das Finanças.

Em entrevista à TVI, Pedro Passos Coelho repetiu mais do que uma vez que ele e Vítor Gaspar não estão isolados no Governo em matéria de Orçamento do Estado (OE) e que o executivo está coeso.

Questionado sobre quem é o seu número dois, Passos Coelho respondeu rápido: “É o ministro das Finanças”. E o número três, perguntaram os jornalistas. Só então nomeou o ministro dos Negócios Estrangeiros, Paulo Portas, que, tal como Vítor Gaspar, é ministro de Estado.

Já sobre as críticas ao orçamento que têm surgido do lado do CDS, Passos reafirmou que “o Governo está coeso” e que os deputados da maioria votaram favoravelmente o OE, nomeadamente João Almeida, porta-voz do CDS, que tem sido um dos principais críticos por parte dos centristas.

“A ideia de querer isolar o ministro das finanças e o primeiro-ministro é falsa”, reforçou o líder do Governo.

Quando questionado se o Governo PSD/CDS, ao fim de um ano e cinco meses, é hoje uma coligação de fachada, Passos devolveu com uma pergunta: “Uma coligação de fachada aprova o orçamento? Tenha paciência”. Não há feridas que não se cicatrizem, afirmou, e a convicção que tem é a de que o Governo vai completar os quatro anos de legislatura. “É sua obrigação”.

“Não é possível não ir” às pensões e às prestações sociais
Em relação ao PS, lamentou o facto de o secretário-geral, António José Seguro, não acompanhar a maioria naquilo que diz ser o debate sobre o Estado e que, admitiu, levará a cortes na Segurança Social, na educação, na saúde, nos salários ou na despesa com pessoal.

Em Fevereiro, insistiu, o Governo vai “discriminar essas medidas”, horizonte com o qual Passos se defendeu para se remeter por agora ao silêncio quando foi questionado várias vezes sobre o teor das medidas. Tendo assumido o compromisso de cortar quatro mil milhões de euros, vai o Governo baixar as pensões abaixo dos mil euros? Nada em concreto disse, mas admitiu: “Não é possível não ir” às pensões e às prestações sociais.

“O Estado é uma entidade pesada”, disse. No sistema de saúde, o Estado pode ser mais eficiente, defendeu. Na educação, ter “um sistema de financiamento mais repartido”. Mas, quando foi confrontado com a possibilidade de serem introduzidas taxas moderadoras na educação, Passos foi evasivo na resposta.

A avaliação sobre a “reforma do Estado” não se esgota nas medidas que o executivo procura para poupar quatro mil milhões de euros. Vai durar até ao Verão e se, nessa altura, “aparecerem medidas melhores” para cortar na despesa do Estado o Governo vai propor a sua alteração à troika, disse. “Seis meses para esta discussão é um prazo razoável”.

Quanto a uma renegociação formal do Memorando de Entendimento assinado com a Comissão Europeia, o FMI e o BCE, Passos voltou a rejeitar esse cenário. Na Grécia, disse, “o segundo programa levou a mais cortes”.

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