Teixeira dos Santos alerta para risco de aumento do desemprego estrutural

Antigo ministro das Finanças alerta para risco de “problema social sério” por causa do aumento do desemprego de longa duração.

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O economista mostra-se preocupado com o actual nível de desemprego Miguel Manso

Teixeira dos Santos defendeu esta quarta-feira que a discussão a ser feita sobre o Estado social deve ter em conta o risco de muito do desemprego actual se poder transformar em desemprego estrutural.

Mesmo havendo retoma económica, disse, é possível que o actual nível de desemprego reduza a capacidade de a economia recuperar empregos, mesmo num cenário em que a economia crescesse a bom ritmo. A taxa de desemprego estrutural estima o universo de pessoas que estão sem trabalho quando uma economia está no seu potencial máximo.

“Acho que corremos aqui o risco de que muito deste desemprego se transforme em desemprego estrutural, que vai subsistir mesmo havendo retoma da actividade económica”, disse o antigo ministro das Finanças, numa intervenção sobre os próximos anos de Portugal e a Europa num colóquio da Associação Portuguesa de Distribuição e Drenagem de Águas, no Porto.

Uma a análise divulgada em Junho pelo Ministério da Economia (A Evolução Recente do Desemprego) dava conta de que a taxa de desemprego estrutural duplicou em duas décadas, passando de 5,5% para 11,8%.

Para Teixeira dos Santos, a discussão sobre o Estado social que tem vindo a ser falada não pode “de forma alguma ignorar” a possibilidade de haver um agravamento do desemprego estrutural. O aumento do desemprego de longa duração tem vindo a ser “ligeiramente mais intenso do que o aumento geral do desemprego” e pode gerar um “problema social sério”.

A taxa de desemprego subiu no terceiro trimestre para os 15,8%, face aos 15% observados no trimestre anterior, com o número oficial de pessoas fora do mercado de trabalho a ultrapassar os 870 mil, divulgou este mês o Instituto Nacional de Estatística (INE).

A taxa de desemprego entre os jovens continuou a subir e chegou aos 39%, afectando já 175 mil pessoas entre os 15 e os 24 anos.

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