Depois dos navios em Portimão, um avião vai ser submerso na costa de Viana

Empresa promotora teve pareceres positivos para projecto de criação de recife artificial e parque subaquático

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Promotores do projecto pretendem atrair turismo ligado ao mergulho Hugo Delgado/Arquivo

A empresa de Viana do Castelo que pretende afundar, a duas milhas da costa, um avião, para criar um recife artificial e parque subaquático para atrair mergulhadores de todo o mundo prepara-se para avançar com o pedido de licenciamento depois de ter recebido pareceres favoráveis das várias entidades com competência na matéria.

A Costa Norte, instalada no complexo turístico da Marina espera até final do próximo ano estarem reunidas as condições para submergir a carcaça de um avião comercial ou militar, a 30 metros de profundidade, em frente à praia de Carreço. O projecto submetido a licenciamento ambiental recebeu luz verde do ministério da Agricultura, do Mar, do Ambiente e do Ordenamento do Território, da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), do Instituto Nacional dos Recursos Biológicos (INRB), do IPIMAR, da Direcção Geral dos Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos (DGRM), da Autoridade Marítima Nacional – Capitania do Porto de Viana do Castelo e, da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento da Região Norte (CCDRN).

O promotor, José Peixoto explicou ao PÚBLICO que a empresa está à espera de reunir a documentação necessária para avançar com o pedido de licenciamento do projecto orçado em cerca de 1,5 milhões de euros.

A iniciativa já tinha sido apresentada à Câmara Municipal e agradou ao município por vir ao encontro da aposta deste executivo de transformar Viana numa cidade náutica. Quanto à aquisição da carcaça do avião, a empresa admite que deverá ser feita no exterior, nos EUA ou na Rússia, até porque ainda não obteve resposta da Força Aérea Portuguesa para a eventual cedência de uma aeronave. 

O projecto da empresa Costa Norte, que se dedica ao turismo náutico e que tem sede em Viana do Castelo é criar na capital do Alto Minho um recife artificial com potencial para atrair praticantes de mergulho de todo o mundo. “Depois de submersa, a carcaça vai criar um ecossistema marinho totalmente novo que depois será acompanhado cientificamente, nomeadamente o desenvolvimento das novas espécies”, explicou José Peixoto.

O projecto não é inédito, nem sequer em Portugal. Ainda no final do mês passado, ao largo de Portimão, no âmbito do projecto “Ocean Revival” foram afundados, uma corveta, a Oliveira e Carmo e, um patrulha, o Zambeze, antigos navios da Marinha Portuguesa. Também a Norte a empresa de José Peixoto “quer criar um projecto de relevo mundial para criar em Viana do Castelo uma nova centralidade no turismo de mergulho para ser visitado anualmente por milhares de turistas e entusiastas do mergulho”. 

O investimento foi já alvo de uma candidatura a fundos do Quadro de Referência Estratégica Nacional (QREN) que recentemente teve que ser reestruturada por falta do licenciamento do recife artificial.  “Como a estrutura ainda não tem licenças, a lei não permite que o projecto seja aprovado. Tivemos que dividir a candidatura inicial em duas. Uma isolada para o recife artificial e outra para os passeios turísticos e pesca desportiva”.

A nível internacional nível internacional, os exemplos mais conhecidos e bem sucedidos deste tipo de atracção turística têm origem nos EUA, na Austrália, Reino Unido, Canadá e Bulgária.

Em Viana, a Costa Norte pretende ainda resgatar uma traineira naufragada na doca comercial há um ano. A Lírios do Neiva, com cerca de dez metros de comprimento, naufragou a 18 de Agosto no porto de Viana do Castelo, numa altura em que já estava bastante deteriorada. O barco de pesca estava apresado às ordens do Tribunal Judicial da comarca desde 2008, num processo de penhora por dívidas do proprietário. O objectivo da escola de mergulho é fazer emergir o barco de pesca e voltar a afundá-lo no mar alto para assim criar um recife artificial ao dispor dos mergulhadores.

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