Políticos e empresários temem impacto económico da redução militar nas Lajes

Medida terá impacto de 10 a 15% do PIB na região, o que significa menos 30 a 40 milhões de encaixe na economia de uma ilha como a Terceira.

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Diminuição deverá pôr em causa cerca de 300 postos de trabalho portugueses directos, segundo o Expresso Foto: Carlos Lopes

Os representantes dos partidos com assento no Parlamento dos Açores e o presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo mostraram-se neste sábado preocupados com os impactos da anunciada redução da presença militar norte-americana na Base das Lajes.

Segundo o semanário Expresso, a presença dos Estados Unidos na Base das Lajes, na ilha Terceira, será reduzida dos actuais cerca de 800 militares e 600 familiares para 160 elementos. Esta diminuição deverá pôr em causa cerca de 300 postos de trabalho portugueses directos, num universo actual de 790, segundo o mesmo jornal.

Contactados pela Lusa, os líderes parlamentares açorianos pedem uma intervenção do Governo em defesa dos trabalhadores e no sentido de minimizar o impacto da decisão na economia regional.

Zuraida Soares, do Bloco de Esquerda, quer que o Governo rejeite a permanência da Força Aérea norte-americana no local. “A única mais-valia da presença norte-americana na Base das Lajes são os postos de trabalho portugueses. Se os Estados Unidos não os asseguram, então a presença norte-americana naquela base não faz qualquer sentido”, frisou, acrescentando que “os Açores não podem estar sob chantagem”.

O líder parlamentar do PS-Açores, Berto Messias, disse encarar este anúncio com “enorme preocupação” e revelou que o grupo parlamentar socialista vai reunir-se segunda-feira com a comissão representativa dos trabalhadores portugueses da Base das Lajes, para discutir o assunto.

António Ventura, vice-presidente da bancada parlamentar do PSD, defendeu que a Assembleia Legislativa da região deve “acompanhar em pormenor estas novas negociações”. O deputado frisou que a redução da presença norte-americana nas Lajes torna também “a posição geoestratégica dos Açores menos conhecida e potenciada”.

Para Artur Lima, líder parlamentar do CDS-PP açoriano, a confirmar-se, o despedimento de 300 portugueses é “de uma gravidade extrema e um forte abalo na económica terceirense e regional”. O deputado considera que o Governo dos Açores deveria ter criado um “plano de contingência para esta eventualidade”.

Perante o problema, Aníbal Pires, líder parlamentar do PCP-Açores, pede soluções “que compensem os trabalhadores e a região”. A Lusa tentou ouvir ainda o deputado do PPM açoriano, Paulo Estêvão, que esteve incontactável.<_o3a_p>

Redução “não é comportável”
O presidente da Câmara de Comércio de Angra do Heroísmo, Sandro Paim, considerou que a redução do efectivo militar norte-americano na Base das Lajes “não é comportável”.

“Estamos a falar de impactos de 10 a 15% no PIB da região, estamos a falar de uma redução de 30 a 40 milhões de [euros de] encaixe numa economia de uma ilha como a Terceira”, frisou, com base numa redução de 50% do total do investimento directo da Administração norte-americana na base, correspondente a cerca de 60 a 70 milhões de euros por ano.

O representante dos empresários da ilha Terceira salientou que o sector privado “não vai conseguir” absorver os trabalhadores portugueses dispensados pela Base das Lajes, até porque neste momento as empresas regionais estão “a reduzir postos de trabalho”.

“A base já empregou à volta de 1500 trabalhadores portugueses. Já houve uma redução grande de trabalhadores, mas numa altura em que a economia estava a crescer e portanto houve a capacidade de absorver estes trabalhadores na economia privada”, frisou.
 

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