Esquerda italiana escolhe candidato às eleições de 2013

Sondagem dá favoritismo a Pier Luigi Bersani, mas outro estudo indica que Matteo Renzi teria melhores resultados nas legislativas.

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Pier Luigi Bersani, líder do Pardido Democrático, é o favorito ANDREAS SOLARO/AFP

A tradição, encarnada por Pier Luigi Bersani? Ou a novidade, protagonizada pelo presidente da câmara de Florença, Matteo Renzi? É essa a escolha que a esquerda italiana faz este domingo, em eleições primárias para encontrar o candidato às legislativas de 2013.

Os estudos de opinião dão vantagem a Bersani, 61 anos, antigo ministro, líder do Partido Democrático (PD), principal força da esquerda. E indicam que apenas Renzi, 37, assumido admirador do Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, pode fazer-lhe frente.

Nichi Vendola, 54 anos, crítico da austeridade do governo tecnocrático de Mario Monti; Bruno Tabacci, 66, um respeitado democrata-cristão; e Laura Puppato, chefe dos deputados do PD na região de Veneza e defensora da “economia verde”, disputam também a preferência dos militantes e simpatizantes de esquerda. Se nenhum dos concorrentes conseguir maioria absoluta será realizada uma segunda volta, a 2 de Dezembro.

“É preciso mostrar ao mundo que não há apenas Monti” em Itália, disse o favorito Bersani. O dirigente ambiciona suceder ao actual chefe de Governo nas eleições previstas para a Primavera, mantendo a política de “rigor e credibilidade” do actual executivo, à qual promete acrescentar medidas de “emprego e igualdade”.

Uma sondagem do centro de estudos eleitorais Cise/Luiss, publicada na quinta-feira, atribuía 48,2% das intenções de voto a Bersani — uma vantagem de mais de dez pontos sobre os 37,6% de Renzi. Vendola recolhia 9,9%.

O politólogo Roberto D’Alimonte, membro fundador do Cise, considera que só a afluência às urnas pode ditar surpresas e contrariar a tendência de vantagem de Bersani: uma forte participação pode favorecer Renzi.

Renzi tem procurado sensibilizar os militantes e simpatizantes de esquerda com outros dados. Um estudo do mesmo centro indica que uma coligação de esquerda por si encabeçada conseguiria 44% dos votos do eleitorado nacional, contra apenas 35% de Bersani. “Se ganharmos, os democratas têm mais possibilidades de vencer” as legislativas, disse .

“Renzi compreendeu o essencial do problema: a esquerda italiana tem uma imagem muito envelhecida. Teve a intuição de interpretar a ideia moderna de uma esquerda reformadora mas não a soube encarnar até ao fim e ficou a meio caminho”, afirmou à AFP Stefano Folli, editorialista político do diário Il Sole 24 Ore.

O rival Nichi Vendola considera que o presidente da Câmara de Florença é apenas “um especialista da boa fórmula” .

Mais de 800 mil militantes inscreveram-se, presencialmente ou via Internet, para participarem nas primárias que se realizam em milhares de mesas de voto e em cerca de duas dezenas de países estrangeiros.

Para poderem votar, além de terem de apresentar um documento de identificação, os eleitores devem assinar um “manifesto” que ateste a sua pertença ao centro-esquerda e a adesão a ideais progressistas. Devem também fazer uma contribuição mínima de dois euros.

Pier Luigi Bersani declarou-se convencido de que as primárias serão um “êxito”. Há “um grande entusiasmo, as pessoas querem participar, [querem] ter uma política de contacto nas ruas, nas praças, que devolva a esperança ao país”.

As primárias foram já experimentadas pela esquerda em 2005, quando o economista Romano Prodi foi escolhido para liderar uma aliança instável de ex-comunistas, ecologistas e centristas, num escrutínio em que participaram mais de 4,3 milhões de italianos.   
 

 
 
 

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