Hamas anuncia acordo para o cessar-fogo mas Israel avisa que “ainda não chegámos lá”

Subsistem dúvidas sobre real acordo entre Israel e Hamas para pôr fim a escalada de violência que dura há uma semana. Morreram pelo menos 20 pessoas nesta terça-feira

Foto
Soldados israelitas perto da fronteira com Gaza Darren Whiteside/Reuters

Os bombardeamentos do Exército hebraico sobre a Faixa de Gaza intensificaram-se nos últimos minutos, pondo em dúvida a entrada em vigor de um acordo de cessar-fogo entre Israel e o Hamas que foi anunciado ao início da noite no Cairo.

“Uma trégua será declarada às nove da noite e entrará em vigor à meia-noite[hora local, 22h em Portugal]”, avançou o porta-voz do Hamas, Ayman Taha, em declarações à Reuters.

O representante do Hamas nas negociações, que estão a ser mediadas pelo Egipto, confirmou que a delegação palestiniana e os enviados do Governo de Benjamin Netanyahu já tinham um “acordo de princípio” para um cessar-fogo entre Israel e o Hamas.

Mas o porta-voz do Governo de Israel, Mark Regev, sublinhou à BBC que as conversações ainda não estavam fechadas. “Estamos a trabalhar com o entendimento de conseguir um cessar-fogo. Mas ainda não chegámos lá. A bola ainda está em movimento”, notou Mark Regev à cadeia britânica.

Dirigentes de topo citados sob anonimato pelo jornal Haaretz foram mais longe e desmentiram para já a existência de um compromisso. “Israel não aceitou nenhuns pontos de nenhum rascunho de cessar-fogo”, reportou o diário israelita, que dizia ainda que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahy queria esperar pelo fim de uma reunião com a secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, em Jerusalém, antes de firmar qualquer compromisso com o Hamas.

Segundo a Al-Jazira, o rascunho do acordo estabelece o fim do lançamento de rockets de Gaza para Israel e a cessação da campanha de assassínios selectivos de alvos palestinianos pelas forças israelitas. Um dos pontos por acertar teria a ver com a abertura das fronteiras de Gaza, que vive sob bloqueio desde a chegada do Hamas ao poder em 2007.

Ao mesmo tempo que se aceleravam as movimentações diplomáticas para pôr fim ao conflito que dura há uma semana, prosseguiram os bombardeamentos sobre Gaza e os ataques com rockets a Israel.

Segundo o Exército israelita, durante o dia, os militantes do Hamas dispararam 147 rockets: 94 explodiram em Israel e 51 foram interceptados pelo escudo antimíssil de Israel. Um soldado e um civil morreram no fogo de morteiros que atingiu Eshkol.

Em Gaza, foram identificados e atingidos 100 alvos, entre os quais a sede do banco criado pelo Hamas para tornear as dificuldades de financiamento da economia local após a imposição do bloqueio internacional.

Os números avançados pelo ministério da Saúde de Gaza apontavam 18 mortos durante o dia, incluindo três crianças e dois jornalistas da al-Aqsa TV, dirigida pelo Hamas, e cujo veículo foi atingido por uma bomba. Numa semana de conflito, morreram 126 palestinianos e mais de mil ficaram feridos.

Sugerir correcção
Comentar