Moradores desalojados do Bairro de Santa Filomena ocupam IHRU

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Demolição das casas ilegais já tinha começado em Julho e continua Foto: Rui Gaudêncio

Um grupo de moradores do Bairro de Santa Filomena, na Amadora, cujas habitações foram demolidas na segunda-feira pela câmara municipal, está desde o início da tarde desta terça-feira no Instituto da Habitação e da Reabilitação Urbana (IHRU), em Lisboa, e recusa sair sem falar com o presidente.

No local estão, desde as 13h, 19 pessoas, algumas delas crianças, que ontem viram as suas casas serem demolidas pelas máquinas da Câmara da Amadora. Ontem foram destruídas seis habitações e a Câmara da Amadora planeia continuar com a segunda fase do processo de desmantelamento do Bairro de Santa Filomena, de ocupação ilegal.

A vereadora da Habitação, Carla Tavares, disse na segunda-feira ao PÚBLICO que a autarquia só avançou com a demolição daquelas seis casas depois de o tribubal ter indeferido a providência cautelar apresentada pelos moradores para travar o processo.

O membro da comissão de moradores, Eurico Cangumi, queixa-se da falta de explicações e respostas durante todo o processo. “Até agora só conseguimos falar com a secretária do presidente [do IHRU], que saiu do edifício para comunicar que o presidente não nos iria receber”, afirma.

"Estas pessoas foram colocadas na rua, elas não têm para onde ir. Um dos casais dormiu ontem na rua”. O membro da comissão afirma ainda que este casal foi surpreendido com a demolição da casa, uma vez que garantem que a providência cautelar em relação à sua habitação foi aprovada.

Apesar da presença de dois carros da polícia, Eurico Cangumi garantiu que não irão sair dali. “Vamos passar aqui a noite e não vamos sair daqui até falar com alguém", adianta. 

A demolição do bairro, que está a ser feita por fases, teve início em Julho. Segundo a vereadora Carla Tavares, desde então foram demolidas 192 habitações e realojadas, até Setembro, 180 famílias que estavam inscritas no Programa Especial de Realojamento (PER), que se baseia num recenseamento feito em 1993. De acordo com a vereadora, 224 agregados foram excluídos do PER por terem abandonado o bairro ou por terem alternativa habitacional. 

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