Quem é quem no "escândalo Petraeus"

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Jill Kelley e o marido com o casal Petraeus. A mulher à esquerda é Natalie Foto: Amy Scherzer/Tampa Bay Times/MCT

São sete, até agora, os envolvidos. O caso extraconjugal do general David Petraeus obrigou-o a demitir-se do cargo de director da CIA e pôs em causa a nomeação de outro general, John Allen, como comandante das forças da NATO.

David Petraeus

O general de quatro estrelas na reserva é casado (desde 1974) e pai de dois filhos. Era, até sexta-feira da semana passada, director da CIA (a agência de espionagem dos EUA), lugar para que fora convidado pelo Presidente Barack Obama, que na quarta-feira lhe elogiou a carreira militar e lhe desejou sorte para resolver o problema com a família. Petraeus fora chefe das tropas americanas na Força Multinacional estacionada no Iraque e passou, depois, para o comando americano no Afeganistão. Tem 60 anos e admitiu ter tido um romance com a ex-militar que lhe escreveu a biografia. Obama disse que, ao demitir-se, Petraeus admitiu ter agido de forma inaceitável, sobretudo para quem ocupa aquele cargo. O adultério não é considerado um problema pessoal quando é cometido por altos responsáveis que têm acesso a dados secretos. Tem que haver uma investigação que apure se foram feitas inconfidências, ou trocados documentos, que tenham posto em causa a segurança nacional.



Paula Broadwell

Como Petraeus antes dela, formou-se na famosa academia militar de West Point e chegou a major do Exército. Está na reserva. Conheceu o general que biografou – o livro chama-se


All In: The education of General David Petraeus

– quando preparava, em Harvard, a tese de doutoramento. Tem 40 anos, é casada e vive na Carolina do Norte com o marido e dois filhos. A carreira militar levou-a a 60 países e à especialização em "operações antiterroristas". Os que falaram em nome de David Petraeus disseram que o romance entre Paula e David começou depois de ele ter terminado a missão no Afeganistão e durou escassos meses. Terá enviado emails a outra mulher casada, advertindo-a de que deveria ficar longe de Petraeus. O FBI encontrou em sua casa entre 20 mil e 30 mil documentos que devem ser lidos para se perceber se a relação amorosa comprometeu em algum momento a segurança nacional.

Holly Petraeus

É a mulher do ex-director da CIA e está, segundo os amigos, profundamente entristecida e zangada com o marido. Filha de um general, casou-se com o militar pouco tempo depois de acabar a faculdade. Eram considerados um casal modelo, que foi capaz de superar todas as dificuldades por que passa um casamento em que um dos elementos é militar e está frequentemente ausente e em ambientes de perigo e stress. Holly trabalha no Gabinete de Protecção Financeira, que ajuda as famílias a equilibrarem os gastos à medida dos seus rendimentos. Na biografia do general, Broadwell descreve-a como "maravilhosa".


Jill Kelley

Vive em Tampa, na Florida, e é descrita na imprensa dos EUA como uma


socialite

, talvez porque durante anos trabalhou na organização de festas para os militares da base aérea MacDill. De origem libanesa, é ela quem está na origem do escândalo. Amiga desde há vários anos de Petraeus (há fotografias em que o general e a mulher surgem em ambiente de festa ao lado de Jill e do marido), passou a informação sobre o caso extraconjugal a um amigo do FBI (agência federal de investigação). Isto porque, disse, recebera emails anónimos ameaçadores que, mais tarde, percebeu serem enviados por Broadwell. Tem 37 anos e contratou um advogado e uma gestora de crises (a mesma que representou Monica Lewinsky, que teve um caso com o ex-Presidnete Bill Clinton) para se defender. Tem uma irmã gémea, Natalie Khawan. As irmãs eram amigas de David Petraeus e também do general John Allen – quando ela, mãe solteira, pediu a custódia total do filho em tribunal, os dois militares escreveram cartas a seu favor. Um gesto em vão, já que Natalie perdeu o caso e o tribunal considerou que é uma pessoa que "não tem respeito pela honestidade ou pela integridade das suas relações familiares".

Frederick W. Humphries

É o agente do FBI que começou as investigações, a partir da denúncia de Jill Kelley. A sua identidade foi revelada pelo jornal


The New York Times

. No início do processo – não se sabe ainda quando o caso começou a ser investigado – passou a pente fino as mensagens de email que Kelley recebera, apurando a sua proveniência. Tem 47 anos e é um veterano da investigação antiterrorismo. Mas foi afastado da investigação porque os seus superiores consideraram que estava a ficar "obcecado" – descobriram que, a dado momento, começou a enviar fotografias mostrando-o semi-nu a Jill Kelley. Acreditando que o FBI iria abafar o caso Petraeus, Humphries contou toda a história ao congressista David Reichert.

John Allen

Outro general de quatro estrelas com passagens pelo Iraque e pelo Afeganistão (sucedeu a Petraeus). Obama aceitou a recomendação do Pentágono e escolheu-o para comandar a NATO; a confirmação da nomeação deveria acontecer no início da próxima semana, mas foi suspensa porque não está claro o seu papel nesta teia de adultério. Allen pertence ao corpo de infantaria da Marinha, tem 58 anos, é casado e tem duas filhas. O FBI descobriu 30 mil páginas de correio electrónico que trocou com Jill Kelley; algumas das mensagens foram consideradas "inadequadas". O conteúdo não foi revelado, mas militares ouvidos pela televisão CBS usaram as palavras "tom namoradeiro" para as definir e consideraram que, mesmo que Allen não tenha cometido qualquer crime (o adultério não é crime, mas no código de conduta militar não é permitido), as chefias, sobretudo ao mais alto nível, têm uma conduta obrigatória. Allen, disseram, violou claramente a sua e, apesar de Obama querer salvá-lo, poderá não conseguir.


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