Passos Coelho pede à Europa que se mantenha “firme na retaguarda”

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Passos: “Nós nunca hesitámos"

Portugal conseguiu fazer em dois anos aquilo que se previa que demorasse seis anos, disse hoje o primeiro-ministro no final do encontro com a chanceler Angela Merkel. Mas isso não basta. A Europa, e a Alemanha, têm de fazer a sua parte. E manterem-se “firmes na retaguarda”.

“Há uma enorme dignidade e uma enorme coragem em lutar todos os dias contra as dificuldades e, como os portugueses têm demonstrado, saber continuar sem desespero”, disse hoje Passos Coelho, no encerramento do encontro empresarial luso-alemão, que decorreu em Lisboa, no âmbito da vista de Merkel a Portugal.

“Nós nunca hesitámos, nunca quisemos abandonar esta linha”, garantiu o primeiro-ministro, pedindo, em contrapartida, que

“os nossos amigos europeus sejam igualmente firmes na retaguarda, e que saibam prestar o apoio e a ajuda de que muitas vezes precisam aqueles que, enfrentando desafios mais difíceis, poderão ser decisivos para o futuro da Europa que queremos construir”.

Passos Coelho referiu-se, explicitamente, à necessidade de avançar com a união bancária, quebrando “a ligação entre risco soberano e o risco que afecta bancos, empresas e famílias”. E também ao diferente risco entre os Estados membros da União Europeia.

“Com os mercados financeiros tão fragmentados como estão hoje, é a própria eficácia da política monetária que é posta em causa”, considerou, lembrando que, quando o Banco Central Europeu (BCE) decide descer as taxas de juro, muitas vezes os juros sobem nos países periféricos.

“Isto não teria sido aceitável para o Bundesbank [banco central alemão] quando definia as taxas de juro para todos os Estados da República Federal”, lembrou a Angela Merkel.

Passos Coelho pediu também que haja mais ambição no orçamento da União Europeia, recordando que, “em tempos tão difíceis como são estes, o orçamento europeu, desde que usado com sabedoria, pode fazer a diferença entre um regresso mais rápido ou mais demorado ao crescimento nalguns países”, além de ser um “instrumento poderoso no combate ao desemprego”.

O primeiro-ministro começou o seu discurso recordando os progressos que Portugal tem feito e, nomeadamente, a dimensão do ajustamento orçamental e do défice externo. “O ajustamento de conta corrente tem sido tão rápido que devemos atingir já este ano um resultado que o FMI previa apenas para 2016”, disse Passos Coelho, concluindo: “Demorámos apenas dois anos a fazer aquilo que se previa demorasse seis”.

O governante defendeu que “podemos e devemos olhar” para estes números, visto que estes permitiram que houvesse uma recuperação da confiança dos mercados. “Não tenhamos dúvidas: são as falhas de governação do passado que precisamos de resolver”, defendeu, mostrando-se confiante na capacidade de Portugal recuperar a competitividade perdida.

“Com as reformas estruturais temos a ambição de sermos uma das economias mais dinâmicas da Europa”, concluiu.


 

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