Equipamento para medir o som tenta explicar queda de brasão em Santa Clara-a-Velha

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As obras de recuperação do mosteiro terminaram em 2009 Adriano Miranda

Dispositivos que medem o impacto do som exterior e interior no Mosteiro de Santa Clara-a-Velha, em Coimbra, foram instalados no monumento para ajudar a explicar a causa da queda de um brasão em pedra há perto de duas semanas.

A revelação foi feita este domingo por Lígia Gambini, coordenadora do espaço, durante uma visita ao edifício medieval, que juntou cerca de meia centena de pessoas.

Na visita, a coordenadora explicou que foram instalados acelerómetros – dispositivos que medem a aceleração sobre um objecto e possibilitam determinar a força aplicada nele - em diferentes locais do mosteiro.

A pedra que cedeu a 22 de Outubro estava presa por grampos de ferro ao topo do coro-alto do mosteiro desde a década de 1940. O facto de a queda ter ocorrido dias depois do final da Festa das Latas, com sete dias de concertos no recinto da Praça da Canção (junto ao mosteiro), levou a Direcção Regional da Cultura do Centro a pedir dois estudos sobre o assunto – um à Universidade de Coimbra e outro à Universidade do Porto.

O brasão em causa foi restaurado na década de 1930, com recurso a cimento e ferro, já que, na altura, há mais de 80 anos, a tecnologia de intervenção em monumentos era diferente da que é utilizada actualmente.

“Por algum motivo, os ferros, que estavam já ferrugentos, cederam”, disse Lígia Gambini.

O mosteiro, datado do século XIV e situado na margem esquerda do Mondego, cujo piso térreo estava permanentemente alagado devido às águas do rio, sofreu grandes obras de recuperação consubstanciadas em três intervenções, entre 1990 e 2009, a última das quais de conservação e restauro.

Foi construída uma cortina de contenção periférica, a primeira usada em Portugal, que veio a possibilitar, mais tarde, a abertura ao público do piso térreo, até aí praticamente enterrado no lodo.

De acordo com Lígia Gambini, na intervenção iniciada em 1990 “não houve um único centímetro quadrado do monumento que não tivesse sido visto”.

A monitorização pretende perceber se os sons exteriores e interiores afectam ou não a estrutura do monumento. Enquanto os trabalhos durarem estão suspensas todas as actividades culturais no edifício, bem como o acesso ao público da zona do coro alto.

Ao PÚBLICO, a directora regional da Cultura do Centro, Celeste Amaro, disse estar “convicta” de que os testes vão demonstrar que os espectáculos promovidos na Latada e na Queima das Fitas, ambos realizados na Praça da Canção, têm provocado danos no monumento.

Outras das hipóteses para a queda da pedra que estão a ser investigadas– ao mesmo tempo que é avaliado o estado geral do mosteiro – são o desgaste dos materiais ao longo de décadas e as vibrações causadas pela movimentação de terrenos nas obras que decorrem no Convento de São Francisco, que fica próximo do mosteiro.

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