Oposição rejeita em uníssono Orçamento contra a classe média

Foto
PCP considera Orçamento uma "verdadeira máquina de fazer pobres" Foto: Daniel Rocha

PS, BE, PCP e “Os Verdes” votaram contra o Orçamento na generalidade. Nos discursos de encerramento desta terça-feira, no Parlamento, a oposição uniu-se contra o que considera ser o desmantelamento do Estado social e o empobrecimento da classe média.

A ronda das intervenções finais começou com o líder parlamentar do BE, Luís Fazenda. O deputado bloquista acusou, mais uma vez, o Governo de com este Orçamento do Estado desmantelar o Estado social e assim “abrir um conflito de regime”.

“Não queremos os direitos socias da China”, disse Fazenda. E acrescentou: “Não queremos um Estado Social pigmeu, não queremos diminuir as conquistas da sociedade portuguesa, daqueles que trilharam o 25 de Abril e fizeram uma democracia moderna em Portugal.”

Fazenda prosseguiu contra um Gverno de “afundamento nacional” e recusou o regresso ao “bafio” e a uma “ideologia conservadora”. E lembrou que, ao contrário daquilo que se passa no Parlamento, nas ruas “a posição a este Governo já é francamente maioritária”.

Já Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP, justificou o voto contra dos comunistas com o facto de considerarem que o documento “é uma tenaz sobre os direitos” e “uma verdadeira máquina de fazer pobres”. E apelou ao mandato individual de cada deputado na hora da votação: “A votação deste Orçamento é responsabilidade de todos e de cada um dos que vão votar”.

Contra qualquer retrocesso no modelo do Estado social, Bernardino acusou o Governo de utilizar a expressão “refundar o memorando” como um eufemismo para entregar aos privados funções essenciais desempenhadas pelo Estado.

Para o PCP, o executivo quer reformar à revelia da Constituição da República, tentando “rasgar os fundamentos do regime democrático”.

Também o deputado José Luís Ferreira, de "Os Verdes", criticou o Governo e acusou-o de já não acreditar no Orçamento que agora propõe ao país: "Se o Governo fala em refundação é porque o próprio Governo também não acredita neste Orçamento."

Pela parte do PS, o deputado escolhido para o encerramento foi Ferro Rodrigues. Ferro falou de um Orçamento de “desespero político” e que está, à partida, “ferido de morte”, justificando assim o voto contra dos socialistas.

O deputado socialista acusou um Governo que “quer pôr a classe média contra o Estado social e remeter à marginalização os sociais-democratas que ainda resistem”. Mas se o socialista não fechou a porta ao diálogo, deixou um aviso: “Vale a pena discutir no quadro constitucional tudo o que possa melhorar o futuro do país, mas com base em confiança política, crescimento económico e equidade social, que hoje, infelizmente, não existem.”

Parceiro de coligação, o CDS, pelo deputado Telmo Correia, justificou que ninguém apresenta um Orçamento como o de 2013 de “ânimo leve”.

E deixou à vista o desconforto dos centristas: “Ponderámos. Temos perfeita consciência do que seria sairmos daqui sem Orçamento do Estado e sairmos daqui para uma crise política cujos contornos seriam absolutamente imprevisíveis”.

O deputado centrista acusou também o PS de “ter medo” e estar preocupado com as eleições autárquicas de 2013. Segundo Telmo Correia, os socialistas estão na origem do problema e só poderão no futuro ter responsabilidades de governação se não se colocarem fora da solução. “O PS não pode ficar reduzido a um partido de protesto”, disse.

Telmo Correia deixou também a porta aberta às alterações do Orçamento na especialidade e garantiu que a maioria vai “trabalhar até ao último dia” no sentido da redução da despesa.

Já Carlos Abreu Amorim, do PSD, acusou o PS de viver refém de uma “contradição” insanável, uma “esquizofrenia política”, traduzida no facto de ser, em simultâneo, “a favor do memorando e contra a austeridade”.

"Quem defende que esta proposta de Orçamento se traduz numa bomba atómica fiscal tem o dever indeclinável e acrescido de apresentar alternativas. O PS não o fez, antes e durante este debate, pura e simplesmente porque não é capaz de as encontrar, o PS não tem alternativa", afirmou o deputado social-democrata.

Sugerir correcção
Comentar