Governo nega que Espanha vá pedir resgate dentro de dias

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O acordo com as autonomias foi selado por unanimidade, firisou Rajoy Foto: Pierre-Philippe Marcou

Mariano Rajoy acabara de conseguir um compromisso com as comunidades autónomas. Mas mais do que explicações sobre o assunto, os jornalistas que o aguardavam no Senado de Madrid, esta terça-feira, tinham uma pergunta na cabeça: “Está Espanha na iminência de pedir um resgate financeiro internacional?”. Num minuto, o Presidente do Governo procurou matar o assunto e, com uma ponta de ironia, negou que o país vai pedir um resgate dentro de dias.

Com um convicto “não”, Mariano Rajoy desmentiu a notícia de que o executivo espanhol se prepara para formalizar um pedido de intervenção externa no próximo fim-de-semana.

Num tom sarcástico que provocou gargalhadas entre quem o ouvia, admitiu que a agência Reuters, que avançou a notícia, mas que Rajoy não nomeou, pode estar mais bem informada do que o próprio chefe de Governo sobre o que este vai fazer.

“Se há uma agência ou alguém que diz que este fim-de-semana vamos pedir resgate, como dizem, há duas possibilidades: a de que essa agência tenha razão e melhor informação do que eu, o que é muito possível, ou que não seja assim, o que também é possível (ou não)”, ironizou.

Rajoy referiu não poder desmentir informações dos media todos os dias, porque, disse, algumas “fugas de informação” são contraditórias.

Em causa está uma notícia avançada na segunda-feira pela agência Reuters – que cita fontes não identificadas “da zona euro” – dando conta de uma mudança de posição do Governo espanhol no sentido de pedir um resgate financeiro pleno dentro de dias.

Rajoy reconheceu, porém, como tem feito ao longo dos últimos meses, as dificuldades que o país enfrenta em financiar-se nos mercados internacionais a preços “desmesurados”.

Mas aproveitou esta ideia, aliás, para transmitir uma “boa mensagem”, sublinhando um acordo fechado, por unanimidade, comunidades autónomas na V Conferência de Presidentes (com os responsáveis dos governos regionais) – um compromisso no qual as regiões reafirmam que respeitarão um défice máximo de 1,5% este ano e de 0,7% em 2013.

Referindo que o compromisso teve unanimidade, Rajoy procurou transmitir uma imagem de unidade. Especialmente depois de cinco regiões (Comunidade Valenciana, Múrcia, Andaluzia, Castela la Mancha e Catalunha) já terem pedido para receber dinheiro do Fundo de Liquidez Autonómica, com uma dotação de 18 mil milhões de euros para assistir as comunidades autónomas. E quando o Governo procura inviabilizar a independência da Catalunha.

A incerteza dos agentes económicos em relação às intenções de Mariano Rajoy na resolução da crise espanhola aumentou na última semana, antes da apresentação do Orçamento do Estado para 2013. Para o próximo ano, Madrid prepara cortes na despesa e um aumento da carga fiscal para cumprir o objectivo do défice de 4,5% do Produto Interno Bruto e evitar o recurso a um resgate financeiro.

O comissário europeu Olli Rehn já veio, porém dizer que gostaria de ver tomadas mais reformas (nomeadamente no sistema das pensões). E aumentou de forma implícita mais pressão sobre Mariano Rajoy, garantindo que a Comissão Europeia está “preparada para actuar” no caso de Madrid pedir resgate.

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