CGTP diz que se está a repetir “filme da era Sócrates”

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"o Governo fala nos parceiros sociais, mas sempre numa perspectiva de instrumentalização", diz Arménio Carlos Foto: Nuno Ferreira Santos

O secretário-geral da CGTP considera que o facto de o Governo ter apresentado em Bruxelas as medidas alternativas à Taxa Social Única (TSU) antes de o ter feito aos parceiros sociais é a repetição de “um filme da era Sócrates”.

“Não é uma aparente falta de diálogo, é sobretudo uma grande falta de respeito. Somos um país independente, quem manda e quem deve mandar é o povo português. Aquilo que se está a passar é a repetição de um filme que nós vimos na era Sócrates, que agora tem um outro personagem, que é o personagem Coelho”, afirmou o secretário-geral da Confederação Geral dos Trabalhadores Portugueses (CGTP), Arménio Carlos.

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, revelou hoje que a Comissão Europeia já aprovou as medidas alternativas que o Governo apresentou para compensar o recuo nas mudanças na TSU.

Arménio Carlos, que falava durante uma acção de protesto às portas do Grupo Salvador Caetano, em Vila Nova de Gaia, acrescentou que o Governo “mais uma vez informa a troika daquilo que quer fazer – e o que vem aí é mais austeridade e sacrifícios – e foge a dialogar com os parceiros e sobretudo com os partidos na Assembleia da República”.

O secretário-geral da CGTP lembrou que a central sindical não vai “aceitar pacotes que sejam agora apresentados e tenham como finalidade o mesmo objectivo” que a proposta de alteração da TSU, referindo-se à quebra salarial.

“Quando se fala aqui de diálogo, o que estamos a ver é que o Governo fala nos parceiros sociais, mas sempre numa perspectiva de instrumentalização. Chama os parceiros sociais à concertação, mas não é para negociar, é para apelar aos parceiros sociais que subscrevam aquilo que ele já decidiu”, salientou Arménio Carlos.

Por seu lado, o porta-voz dos Assuntos Económicos da Comissão Europeia indicou hoje que as medidas alternativas introduzidas no programa de ajustamento português para compensar o recuo na TSU foram acordadas com a troika (Fundo Monetário Internacional, Comissão Europeia e Banco Central Europeu) no final da semana passada.

Depois de o presidente da Comissão, Durão Barroso, ter anunciado hoje, em Lisboa, que o executivo comunitário já aprovou as medidas alternativas que o Governo apresentou, Simon O’Connor precisou à Lusa que “o memorando de entendimento que incorpora as novas medidas foi acordado no final da semana passada com a Comissão e as outras instituições da troika (‘ad referendum’)”, necessitando ainda de aprovação formal.

Quanto ao teor concreto das novas medidas apresentadas pelo Governo para substituir as alterações à TSU, a Comissão Europeia remete a sua divulgação para as autoridades portuguesas.

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