Quercus diz que “apostas erradas” na gestão da água ameaçam energia e agricultura

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A expansão do regadio terá impactes ambientais e económicos muito significativos, diz a Quercus Adriano Miranda

A associação ambientalista Quercus criticou nesta segunda-feira as “apostas erradas” do Governo na gestão da água, alertando para o risco de algumas medidas porem em causa a produção de energia e o futuro da agricultura.

No Dia Nacional da Água, que se celebra nesta segunda-feira, os ambientalistas acusam os governantes de manter medidas sem ter em conta as alterações climáticas.

Em causa está a continuidade do Programa Nacional de Barragens (PNB) e a aposta na expansão do regadio, numa altura em que as previsões da União Europeia apontam para períodos cada vez mais frequentes de seca prolongada no país.

O PNB e a expansão do regadio terão “impactes ambientais e económicos muito significativos”, além de constituírem “uma aposta errada” face aos cenários ambientais previstos.

“Portugal não pode ficar dependente de estratégias baseadas em disponibilidades hídricas que, pura e simplesmente, podem não vir a existir num futuro já muito próximo e é necessário diversificar as fontes de produção, quer ao nível energético, quer ao nível alimentar”, defende a Quercus, em comunicado.

Outro dos problemas detectados prende-se com a rede de monitorização da qualidade da água que está “bastante desfalcada”. Resultado: há “grandes falhas nas medições e registos” e “imensos casos de estações desactivadas”.

Os ambientalistas chamam ainda a atenção para o “enorme atraso” na definição “adequada e justa” de preços para as diferentes utilizações da água e para o Programa Nacional para o Uso Eficiente da Água (PNUEA) que “continua sem ser aplicado”.

O programa foi aprovado há seis anos como instrumento de gestão da água e a Quercus acredita que a aplicação de medidas definidas no programa poderia levar a uma redução drástica da procura efectiva de água.

Os ambientalistas consideram que a actualização do PNUEA apresentado neste Verão “carece de alguma ambição”, já que definiu como meta uma redução de água de apenas 5% até 2020 na agricultura, o sector que consome 80% dos consumos totais de água do país.

Outro dos problemas é o facto de ainda só terem sido aprovados três Planos de Gestão de Região Hidrográfica: “Os únicos planos aprovados são os respeitantes ao Sado/Mira, Guadiana e Algarve, faltando rios muito importantes como o Tejo e o Douro. A execução destes planos deveria decorrer de orientações do Plano Nacional da Água (PNA) cujo atraso ainda é maior”, lê-se no documento.

O PNA - instrumento de gestão estratégica das águas, que estabelece as grandes opções de política nacional - deveria ter sido concluído há dois anos e a Quercus teme que, em tempos de crise, os objectivos do plano possam “não vir a ser conseguidos”.

A Quercus conclui por isso que, nesta matéria, a política nacional é feita de “atrasos, falta de acção e políticas avulsas”.

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