Falta reduzir 15 milhões de euros em custos na RTP

O ex-presidente da RTP Guilherme Costa afirmou hoje que falta reduzir custos na ordem dos 15 milhões de euros no grupo de comunicação social estatal.

Durante a sua audição, a pedido do PS, na comissão parlamentar para a Ética, a Cidadania e a Comunicação, Guilherme Costa disse que estava a trabalhar nesta redução de 15 milhões de euros quando pediu a demissão do cargo, no final de Agosto.

“Estávamos a pensar lançar rescisões voluntárias, mas não foi possível [este ano]”, referiu, adiantando que se isso fosse possível em 2013 a empresa chegaria “aos 180 milhões de euros” de custos operacionais.

Esta questão “não dependia do conselho da administração, nem da gestão”, acrescentou.

De acordo com o gestor, no final deste ano a RTP deverá fechar com custos operacionais de 235 milhões de euros.

Se a empresa ficar apenas com um canal generalista e autonomizar os canais regionais dos Açores e da Madeira esse valor desce para 195 milhões de euros.

Para atingir a meta dos 180 milhões é preciso reestruturar 15 milhões de euros.

“A verdadeira reestruturação são os 15 milhões de euros que faltam”, disse, acrescentando que terá de ser apresentado um plano detalhado sobre isso. “Era o que estava a ser preparado”, frisou.

O gestor adiantou que a indemnização compensatória líquida da RTP este ano, ou seja, excluindo o IVA, foi de 75 milhões de euros e no próximo ano está previsto que seja de 65 milhões de euros.

“A RTP, em 2012, custará aos contribuintes portugueses menos de 200 milhões de euros”, disse Guilherme Costa, em resposta a uma pergunta de um deputado do PSD.

“Os fundos públicos correntes são 218 milhões [de euros]” este ano, referiu, acrescentando que a RTP recebeu do Estado 344,5 milhões de euros para pagar a dívida, o qual não é considerado despesa.

Segundo o ex-presidente, a RTP deverá registar um lucro superior a 20 milhões de euros este ano.

Questionado pelo PS sobre as verbas de 4,4 milhões de euros que a empresa paga à EDP para a cobrança da taxa de audiovisual, Guilherme Costa afirmou que a administração da RTP tentou sensibilizar a “EDP e o Governo para baixar” o montante.

Em relação às verbas pagas à Portugal Telecom (PT), o gestor disse que, com a introdução da televisão digital terrestre (TDT), foi possível baixar “significativamente 20 por cento os valores que estavam inicialmente previstos”.

Em jeito de balanço, Guilherme Costa lembrou que o plano de recuperação da RTP já vinha da administração anterior à sua, em 2003, e que, “não sendo regabofe ou o desperdício de dinheiro”, numa crítica às considerações que têm sido feitas à empresa, sempre se entendeu que o grupo “tinha de continuar o esforço de contenção” iniciado.

“A RTP cumpriu escrupulosamente o acordo com o Estado em 2003”, frisou.

Guilherme Costa sublinhou que nunca afirmou que RTP cumpriria o serviço público com um canal, mas sim com “um canal generalista, canais temáticos e Internet”.

Adiantou que deixou a RTP com uma grelha preparada para um canal generalista.

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