PAC coloca produção e indústria do tomate em risco, dizem industriais do tomate

O secretário-geral da Associação dos Industriais do Tomate (AIT) disse hoje que as explorações agrícolas e a própria actividade industrial podem estar em risco, caso a reforma da Política Agrícola Comum (PAC) avance tal como está proposta.

Miguel Cambezes teme que o corte na ajuda, de 2.100 euros por hectare para 179 euros, previsto na PAC leve muitos agricultores a afastarem-se da produção do tomate, o que irá provocar uma diminuição de 40%.

“Isto significa que, ao contrário do que é o nosso desidrato, que é aumentar a produção, entramos numa espiral negativa, a qual pode conduzir, não a breve trecho, mas a médio prazo, à extinção deste sector em Portugal”, alertou, durante uma visita à empresa de transformação de tomate Sugalidal, em Benavente, onde também esteve a ministra da Agricultura.

Miguel Cambezes adiantou que nas últimas duas décadas a produção e a indústria do tomate cresceram, em média, 5% ao ano, estimando um crescimento de 50% nos próximos 10 a 20 anos. Mas esse objectivo também estará posto em causa se as propostas da PAC avançarem em 2014.

“A ser aprovada, a proposta, tal como está formulada, não irá promover o incremento da produção, mas sim uma diminuição significativa. Diminuição que pode pôr em risco as explorações agrícolas e a própria actividade industrial (...)”, preveniu o secretário-geral da AIT.

O dirigente associativo disse estar “bastante pessimista” em relação à proposta, mas “bastante optimista” quanto “à capacidade” de Portugal poder vir a alterar “significativamente” a mesma, recordando as “vitórias” do sector quando confrontado, nos últimos 15 anos, com propostas saídas da Comissão Europeia.

A ministra da Agricultura garantiu que está a acompanhar a situação. “Há um ano foram apresentadas as propostas da Comissão Europeia e desde então temos estado a trabalhar, a sugerir alternativas e propostas de alteração. Cremos que haverá, com certeza, alterações à proposta da Comissão”, vaticinou Assunção Cristas.

A governante referiu que existe “um grupo sólido” de vários países, incluindo Portugal, os quais já servem de “minoria de bloqueio” e estão analisar a questão da convergência.

“Vamos apresentar propostas muito concretas para salvaguardar que a convergência interna dos apoios aos agricultores é acompanhada em paralelo e com o mesmo calendário da convergência entre os países, de maneira que não haja grandes perdedores desta distribuição do bolo das ajudas de Bruxelas”, explicou a ministra.

Portugal exporta mais de 95% do tomate nacional, sendo o quinto maior exportador de concentrado de tomate.

Segundo a AIT, em 1992 foram transformadas nas fábricas 790 toneladas de tomate e este ano 1.200 toneladas. O número de produtores passou dos 5.852 em 1992 para 286 em 2012.

As campanhas de apanha de tomate decorrem durante Agosto e Setembro.

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