António Vitorino pede bom senso e diz que primeiro-ministro tem de recuar na TSU
O socialista António Vitorino sublinhou nesta terça-feira que o primeiro-ministro terá de recuar na questão da Taxa Social Única e considerou “decisivo” o bom senso e o sentido de responsabilidade dos protagonistas políticos para evitar a crise.
“Espero que os protagonistas políticos tenham o bom senso e o sentido da responsabilidade de fazer tudo para evitar uma crise política porque, na actual situação, tão complexa e difícil do país o acrescentar de uma crise política seria tornar ainda mais difícil a recuperação económica, o ajustamento financeiro e a saída da crise”, disse António Vitorino.
O político, que falava à margem da conferência “Competitividade e Crescimento de Portugal no Contexto Mundial”, da AT Kearney Portugal, que decorre em Lisboa, defendeu que a redução da Taxa Social Única (TSU) para as empresas, complementada pelo aumento da contribuição dos trabalhadores para a Segurança Social, não corresponde aos objectivos que se pretende alcançar.
Considerou, por isso, que “não há problema nenhum” em que o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, “reconheça que houve uma medida profundamente injusta” e que, em nome de valores superiores e fundamentais para a recuperação económica do país se recue nesta medida e se encontrem alternativas.
“Agravar a situação de crispação social não é útil para um país que está sob assistência financeira e que tem de respeitar os seus compromissos”, salientou.
Questionado sobre um eventual conflito político, António Vitorino afirmou que “as diferenças em democracia são naturais” e acrescentou que “não se deve levar longe de mais o esticar da corda”, sublinhando que “um dia ela pode mesmo romper”.
Sobre se o Conselho de Estado de sexta-feira será decisivo, António Vitorino respondeu: “Não há salvadores nesta situação e obviamente que o Conselho de Estado e, sobretudo, o Presidente da República têm um papel muito importante de chamar os atores ao bom senso e permitir criar as condições para corrigir o que tem de ser corrigido”.
Quanto à possibilidade de estar em cima da mesa a criação de um governo de salvação nacional, o socialista frisou que a única salvação nacional é a democracia a funcionar.
“Tivemos uma eleição há um ano. Elas determinaram a existência de uma maioria e essa maioria tem de superar as suas divergências internas”, assinalou, rejeitando categoricamente a eventual entrada do PS num governo deste tipo.
O primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, anunciou a 7 de Setembro, e entre outras medidas, a subida da contribuição paga pelos trabalhadores à Segurança Social de 11 para 18% (um aumento de sete pontos percentuais). Em contrapartida, a Taxa Social Única (TSU) paga pelas empresas por cada trabalhador desce de 23,75 para 18% (menos 5,75 por cento).