FNE contesta redução de professores devido a diminuição de alunos

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Alterações ao concurso de professores põem fim à Bolsa de Contratação de Escola Foto: Enric Vives-Rubio

A diminuição do número de alunos não deve justificar a redução de contratação de professores, defendeu nesta sexta-feira o secretário-geral da Federação Nacional de Educação, contrapondo que é preciso investir nos adultos e alunos mais desfavorecidos.

João Dias da Silva, à Lusa, contesta a posição do ministro da Educação, Nuno Crato, que considerou, em entrevista ao semanário Sol, ser “inevitável a redução” do número de professores contratados para este ano lectivo. Segundo o ministro, a situação é “humanamente preocupante”, mas é justificada com “a redução da população escolar, em cerca de 200 mil alunos nos últimos anos (cerca de 14%)”.

Justificação com que o secretário-geral da FNE discorda, afirmando que “Portugal tem de fazer um esforço muito grande para melhoria das qualificações dos portugueses, quer ao nível da população adulta - precisamos de qualificação escolar e de qualificação profissional de muita população adulta -, quer para investir em acções que visem promover o sucesso de alunos que são provenientes de contextos socioeconómicos mais desfavorecidos”. Exigências que levam João Dias da Silva a contestar também que o número de alunos por professor tenha aumentado.

Para Nuno Crato, o rácio alunos-professores que Portugal tinha estava ao nível dos países ricos, como a Áustria, devendo agora passar para uma média de 30 por turma. “Portugal não é um país rico, mas também é pobre culturalmente, no sentido de que ainda precisa de melhorar as suas qualificações”, alegou o sindicalista, acrescentando que os alunos provenientes de extractos socioculturais mais desfavorecidos precisam de mecanismos de promoção do sucesso. “Para isso são necessários professores”, sublinhou.

Na entrevista dada ao Sol, o ministro da Educação defende também que não vai sofrer contestação nas ruas como aconteceu com a sua antecessora, Maria de Lurdes Rodrigues, porque “existe um entendimento por parte dos professores e por parte dos directores” de que o ministério está a “trabalhar para melhorar a Educação em Portugal”.

Posição que João Dias da Silva também considera ser o melhor cenário, mas que diz não ter certeza de que não vai acontecer. “Nós também preferimos que as soluções sejam encontradas sem necessidade da contestação. O recurso à luta por parte das organizações sindicais faz-se quando não se encontra do outro lado capacidade de diálogo, procura de consensos, procura de soluções equilibradas e respeito por aqueles que são os profissionais de cada sector”, afirmou.

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