FMI saúda intervenção do BCE e diz estar pronto a colaborar

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Os recursos naturais têm um peso preponderante nas exportações, mas “pouco contribuem para a criação de empregos”, afirmou Lagarde Chip Somodevilla/AFP

O FMI saudou hoje o novo programa de compra de dívida do BCE e disse estar pronta para colaborar, respondendo assim ao pedido de Mario Draghi.

Em comunicado, a directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), Christine Lagarde, pronunciou-se hoje sobre as decisões tomadas pelo Banco Central Europeu (BCE), que chegou a acordo para um novo programa de compra de dívida pública.

“Damos as boas-vindas ao novo quadro de intervenção do BCE – as Outright Monetary Transactions (OMT) – no mercado da dívida soberana dos países que aceitarem aderir aos programas de ajustamento macroeconómico do FEEF e do MEE [os mecanismos de resgate do euro] e às reformas estruturais e orçamentais que lhes estão associadas”, disse Christine Lagarde, salientando que “o FMI está pronto a colaborar dentro das suas regras”.

As declarações de Lagarde surgem depois de o presidente do BCE, Mario Draghi, ter hoje pedido que haja um envolvimento do FMI no novo programa de compra de dívida para monitorizar e ajudar a definir as condições que serão impostas aos países “intervencionados”, em linha com o que já é actualmente feito para os países sob assistência financeira – Grécia, Portugal e Irlanda.

“A implementação decisiva do novo programa irá ajudar a reparar a transmissão da política monetária e suportar os esforços dos países em assegurarem financiamento a um custo razoável, enquanto levam a cabo um ajustamento macroeconómico sustentável”, salientou a directora-geral do FMI. “Vemos a acção do BCE como um passo importante para fortalecer a estabilidade e o crescimento na zona euro”, concluiu Lagarde.

As compras de dívida do BCE terão um impacto ilimitado, ou seja, não será fixado limite máximo para os recursos usados, e concentrar-se-ão em títulos de curto prazo (até três anos). Tal como era esperado, não será fixado nenhum limite para as taxas de juro da dívida, acima do qual o BCE começasse a comprar títulos. O banco central não terá também nenhum estatuto de credor preferencial na dívida que vier a adquirir com este novo programa.

Como contrapartida, os governos “intervencionados” terão de pedir a intervenção dos fundos de resgate do euro – o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e o Mecanismo Europeu de Estabilidade (MEE) – submetendo-se, consequentemente, a determinadas condições de política orçamental e económica. Caso o país não cumpra, o BCE pode suspender a compra de títulos no mercado.

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