Rajoy e Merkel recusam comentar anúncio do BCE de compra de dívida soberana

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Foto: Pierre-Philippe Marcou/ AFP Photo

A chanceler alemã e o presidente do Governo espanhol recusaram-se hoje a comentar o anúncio do presidente do BCE de que iniciará um novo programa, com condições, para a compra de dívida soberana com maturidade até três anos.

Numa conferência de imprensa conjunta em Madrid, Angela Merkel e Mariano Rajoy afirmaram que o BCE actua de forma independente, cumprindo o seu mandato, escusando-se a tecer mais comentários sobre o anúncio feito em Frankfurt por Mario Draghi.

“O BCE actua dentro da sua independência e do seu mandato e é responsável da estabilidade e do valor da moeda e toma as medidas oportunas”, afirmou Angela Merkel que se reuniu em Madrid com Mariano Rajoy.

“A nossa tarefa consiste em fazer os deveres políticos, entre outros as reformas que Espanha já fez, garantir que se realizam de forma muito credível. Não posso dizer mais neste momento”, disse, afirmando que a conferência de Draghi ainda estava a decorrer, em paralelo, à conferência de imprensa de Madrid.

Também Mariano Rajoy se escusou a comentar os anúncios do BCE, insistindo que Espanha continuará o seu percurso de controlo do défice e dívida pública e a sua agenda de reformas. “Ainda não tive oportunidade de analisar as palavras do sr. Draghi. Se tiver alguma novidade anunciá-la-ei”, disse, questionado sobre se Espanha vai aderir ao programa de compra do BCE.

Fundos de resgate têm de ser activados antes

As declarações dos dois líderes foram feitas pouco tempo depois de o presidente do BCE, Mario Draghi, ter confirmado o início de um novo programa de intervenção no mercado secundário de dívidas soberanas, mas sujeita a condições e à activação dos fundos de resgate da zona euro (o FEEF e o MEE).

“Teremos um mecanismo para evitar cenários destrutivos na zona euro”, afirmou, explicando que não haverá limites à intervenção nos mercados secundários e que as compras se centrarão nos títulos entre um e três anos.

Draghi assegurou que a compra de dívida ajudará a reduzir as severas distorções nos mercados de dívida soberana, mas insistiu que esse mecanismo terá condições paralelas à activação dos fundos de resgate.

“Os governos devem estar preparados para activar os fundos de resgate”, disse, afirmando que é “imprescindível” que os Governos cumpram os seus compromissos europeus.

O recurso aos fundos europeus de estabilidade podem ser tanto no modelo de “um resgate completo” como no modelo de “linhas de crédito melhoradas”.

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