Joaquim Rodríguez pode ter começado a Volta a Espanha como um outsider, mas neste sábado, no primeiro de três dias montanhosos seguidos nas Astúrias, percebeu-se definitivamente que o catalão é mesmo o principal rival de Alberto Contador. O ciclista da Katusha, que é líder desde o quarto dia da prova, venceu a 14.ª etapa, repetindo os triunfos obtidos na 6.ª e na 12.ª, também com chegadas em alto, e aumentou de 13 para 22s a vantagem para o rival mais próximo, Contador, que também foi o segundo mais rápido a percorrer os quase 150km entre Palas de Rei e Puerto de Ancares.

Para o pelotão, e especialmente para os principais candidatos, não há muito tempo para recuperar o fôlego, pois a tirada de domingo será marcada por mais três contagens de montanha e termina precisamente depois de uma subida de 13,5km nos Lagos de Covadonga, uma das dificuldades mais famosas nos anos mais recentes da competição.

Contador foi um dos mais activos na parte final. Depois de ter atacado a 3,5km da meta, o que abalou Chris Froome mas não Rodríguez e Alejandro Valverde, o homem da Saxo Bank voltou a tentar a sua sorte a 1900 metros do fim. Pedalou sozinho algum tempo, mas não conseguiu uma vantagem decisiva e foi alcançado e ultrapassado por “Purito” nos metros finais.

O camisola vermelha ganhou mais nove segundos a Contador (cinco na diferença na etapa mais quatro nas bonificações) e tem agora quase dois minutos a menos (1m41s) do que Valverde e Froome, que chegaram com 13 e 38 segundos de atraso ao Puerto de Ancares, respectivamente.

“O Alberto [Contador] colocou-me à prova”, disse o comandante da prova, de 33 anos. “Os seus ataques têm uma força impressionante. Mas quando reparei que o tinha sempre à vista a cem metros e que faltava um quilómetro, uma boa distância para mim, convenci-me que o poderia apanhar”.

As bonificações — de 12, oito e quatro segundos para os três primeiros de cada etapa — têm desempenhado um papel decisivo na liderança de Rodríguez. Se não houvesse os bónus de tempo, o barcelonês, também primeiro da classificação por pontos, não seria o líder, mas sim Contador. Rodríguez, três vezes primeiro e outras tantas segundo, já somou 60 segundos de bonificação, mais 32 do que os obtidos pelo compatriota.

“Não tive más sensações, bem pelo contrário. Mas o ‘Purito’ foi impressionante”, sublinhou Contador. “O mais importante é reduzir a diferença e para já não consegui, mas vamos ver como corre a próxima etapa”.

André Cardoso foi o melhor dos seis portugueses, terminando no 21.º lugar, a 2m19s. Na geral, o ciclista da Caja Rural subiu de 29.º para 26.º, com mais 16m35s do que Rodríguez.