Angolanos já estão a votar nas segundas eleições nacionais desde o fim da guerra

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Eleições em marcha, mesmo depois de pedido de adiamento da UNITA Shiphiwe Sibeko

Os angolanos começaram a votar esta manhã para eleger o novo Parlamento, num sufrágio de onde sairá também a escolha do Presidente – ao abrigo da nova Constituição, em vigor desde 2010. É a segunda vez que o país tem eleições nacionais desde o fim dos 27 anos de guerra civil, em 2002.

O grande favorito é o MPLA, o partido do chefe de Estado incumbente, José Eduardo dos Santos, de 70 anos, no poder há 33 anos e que se espera venha a renovar o mandato, para mais cinco anos. As eleições presidenciais directas em Angola foram, com a nova Constituição, substituídas por um sistema em que o líder da lista do partido vencedor das legislativas é automaticamente designado Presidente. em 2008, o MPLA venceu as eleições com 82% dos votos.

As cerca de dez mil assembleias de voto estão abertas desde as 7h até às 18h e são esperadas as primeiras projecções ao longo do fim-de-semana, com os resultados definitivos da formação do novo Parlamento (de 220 deputados) mais o Presidente a serem anunciados apenas na próxima semana.

Membros de topo da UNITA, principal partido da oposição, expressaram já preocupações com a falta de transparência no sufrágio e a “confusão” no processo de voto. O porta-voz da UNITA, Alcides Sakala, chegou a instar mesmo ao adiamento do sufrágio, sustentando que as autoridades eleitorais “não fizeram nada para corrigirem os problemas” que o partido antecipara e para os quais alertara.

Impugnação, interrupção

O líder da UNITA, Isaías Samakuva, avisou logo após ter votado em Talatona, cidade a 20 quilómetros de Luanda, que o seu partido vai apresentar uma queixa para impugnar o sufrágio, devido "às muitas irregularidades". "A Comissão Nacional Eleitoral não entregou credenciais a mais de dois mil dos delegados do nosso partido para observarem o sufrágio, e isso faz com que a UNITA não pode assegurar a veracidade dos resultados da votação em mais de mil mesas apenas na província de Luanda", denunciou.


No momento em que a Televisão Pública Angola (TPA) transmitia em directo as declarações de Samakuva, houve uma interrupção do sinal. Esta falha do sinal afectou também a transmissão de outras estações de televisão e rádio que se encontravam em directo a partir da assembleia de voto onde o líder da UNITA falava à imprensa, como a Emissora Católica de Angola.

A Comissão Nacional de Eleições nega, porém, existirem quaisquer problemas, mas horas antes da abertura das urnas repetiam-se já casos em que milhares de eleitores – dos 9,7 milhões inscritos – não sabiam ao certo onde votar e muitos mais não conseguiam encontrar os seus nomes nos cadernos eleitorais.

O controlo do MPLA sobre as instituições de Estado, assim como da maior parte dos media no país, deu claras vantagens ao partido no poder na disputada das eleições com a Unita e mais sete outras coligações e partidos, estes de menor expressão. A campanha, que decorreu ao longo de um mês, foi geralmente pacífica e sem incidentes, com a excepção da detenção, ontem, de uma dezena de membros do partido CASA-CE, quando estes tentaram entrar na sede da Comissão nacional de Eleições exigindo que lhes fosse dadas autorizações para poderem observar o sufrágio nas assembleias de voto.

Notícia actualizada às 11h20
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