Técnicos avaliam avalanche de votos em iniciativa no portal do Governo

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“A estranha distribuição de votos em 8 movimentos faz parecer que alguém criou ‘uma máquina virtual’ de criação de registos de utilizador"

O Centro de Gestão da Rede Informática do Governo (CEGER) encontra-se “a fazer testes, para apurar se existe alguma irregularidade” que explique o aumento exponencial de votos, num curto espaço de tempo, nalguns dos participantes na iniciativa “O Meu Movimento”.

As averiguações tiveram início depois da queixa de uma associação que esta quinta-feira denunciou publicamente um “ataque ao Portal do Governo”, confirmou ao PÚBLICO a coordenadora daquele sítio na internet, Marta Sousa.

O alerta foi dado pela Associação de Professores de Educação Visual e Tecnológica (APEVT), que ficou em segundo lugar na primeira edição de “O Meu Movimento”, uma iniciativa do Governo que permite aos cidadãos defenderem uma determinada causa e, depois, reunirem apoiantes.

À semelhança do que aconteceu na primeira, nesta segunda edição, que teve início este mês, o promotor do movimento que vier a conseguir mais votos terá uma audiência com o primeiro-ministro e a APEVT não se conforma com “a situação anormal” que detectou na madrugada de ontem.

Outra vez a concurso em defesa da manutenção da disciplina de EVT nos currículos do 2º ciclo do ensino básico, a direcção da associação de professores denunciou que “em menos de 24 horas, oito movimentos conseguiram angariar mais de mil apoiantes, algo que poucos conseguiram em várias semanas”.

Num comunicado que intitula “Ataque ao Portal do Governo”, a direcção da associação de professores informa que, quando ontem contactou “um dos responsáveis pela iniciativa”, foi informada “de que já existiam 3 denúncias relativamente a essa situação”.

“A estranha distribuição de votos em 8 movimentos faz parecer que alguém criou ‘uma máquina virtual’ de criação de registos de utilizador que, com determinada frequência, cria registos aleatórios e, depois, com esses registos, faz a distribuição de votos nesses 8 movimentos”, disse ao PÚBLICO o presidente da APEVT, José Alberto Rodrigues. Sublinhou que para tal “não seria necessário entrar nos servidores”, pelo que “não se poderia falar propriamente em pirataria informática”, e disse não responsabilizar os promotores dos oito movimentos (que defendem causas tão diversas como “a tara recuperável nas garrafas”, a oferta de benefícios aos estabelecimentos que optem por vender produtos nacionais e o reforço da democracia directa).

Ao PÚBLICO, a coordenadora do Portal do Governo assegurou que se “houver indícios de qualquer irregularidade serão tomadas medidas para garantir a transparência da iniciativa”. Uma das possibilidades, disse, “seria colocar todas as votações a zero”. Acrescentou, no entanto, que “até agora não foi detectada qualquer situação irregular” e que já foram identificadas várias páginas no Facebook apelando ao voto naqueles movimentos.

“Provavelmente, o aumento do número de apoiantes nalguns movimentos resulta de uma campanha de promoção viral lançada num momento de regresso de muitas pessoas a casa e ao trabalho, depois de férias”, afirmou.

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