Pingo Doce deixa de aceitar cartões em pagamentos inferiores a 20 euros

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Grupo estima poupança anual superior a cinco milhões de euros Foto: Pedro Elias

Medida entra em vigor a partir de 1 de Setembro. Grupo estima poupança anual superior a cinco milhões de euros.

O Pingo Doce vai deixar de aceitar, já a partir de 1 de Setembro, pagamentos com cartões de multibanco e de crédito em compras com valor inferior a 20 euros. Em nota escrita, que já começou a ser distribuída a alguns clientes, a empresa refere que a medida vai permitir uma poupança anual superior a cinco milhões de euros.

O PÚBLICO apurou que a campanha de informação aos clientes deveria arrancar a nível nacional apenas nesta terça-feira, mas foi antecipada na segunda-feira por uma loja de Vila Nova de Gaia.

Contactado pelo PÚBLICO, o grupo Jerónimo Martins, detentor da insígnia, escusou-se a prestar qualquer esclarecimento sobre a matéria. "Hoje [ontem], o grupo não tem nenhum comentário a fazer", disse fonte oficial da empresa liderada por Pedro Soares dos Santos.

O grupo Jerónimo Martins já tinha testado, em 15 supermercados, o fim do pagamento com cartões de crédito, justificando a iniciativa com "a identificação, na sua estrutura de custos, de oportunidades de ganho de eficiência". O teste terminou em Fevereiro e a decisão agora tomada vai mais longe e abrange também os cartões de multibanco.

No folheto distribuído ontem, a que o PÚBLICO teve acesso, é referido que foi tomada "a decisão de não aceitar pagamentos com cartões quando o valor for inferior a 20 euros". É ainda referido que a medida "vai permitir uma poupança anual de mais de cinco milhões de euros", ou seja, cerca de metade do que custou a recente campanha de 1 de Maio, em que o grupo permitiu um desconto de 50% do valor das compras efectuadas (desde que superiores a cem euros).

"A partir do próximo dia 1 de Setembro, inclusive, ao pagar as suas compras em dinheiro até 20 euros está a ajudar-nos a concretizar mais oportunidades de poupança para si", refere a nota. Na apresentação da medida, a Jerónimo Martins destaca que "as várias oportunidades de poupança" criadas pelo grupo são conseguidas pelo "sacrifício de parte da rentabilidade" e pelo corte de "gastos supérfluos". No final de 2011, o Pingo Doce tinha 369 lojas, número que subiu para as 371 unidades no final do primeiro semestre deste ano.

Há largos anos que os sectores da distribuição e do pequeno comércio criticam a cobrança de comissões "excessivas" pela utilização dos terminais de pagamento electrónico. A Associação Portuguesa das Empresas de Distribuição chegou mesmo a mover queixas contra a Visa, a Unicre e a SIBS por alegadas práticas restritivas de concorrência, entretanto arquivadas pela Autoridade da Concorrência. A associação, que recorreu do arquivamento, garante que as taxas cobradas em Portugal são 2,7 superiores à média europeia nas operações a débito e custam 2,1 vezes mais nas vendas a crédito. Em 2010, as taxas de serviço cobradas ao sector da distribuição somaram 85,2 milhões de euros.

Notícia publicada na íntegra às 14h15
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