Governo acusado de “falhanço” com recuo da economia e aumento do desemprego

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A população desempregada aumentou em cerca de 7900 pessoas em três meses Adriano Miranda

A economia portuguesa recuou 3,3% no segundo trimestre de 2012. A taxa de desemprego chegou aos 15%. Duas más notícias que para a oposição merecem uma explicação do Governo, acusado de falhar nas suas previsões e de prosseguir com políticas de “direita” e de “obcessão” prejudiciais para o país.

“Estes números desmentem todas as previsões do Governo, mesmo depois de várias revisões, o que está em causa é que estamos a ser confrontados com o resultado das opções políticas deste Governo e o primeiro-ministro tem de explicar aos portugueses o que falhou”, defendeu o secretário nacional do PS, João Ribeiro, numa conferência de imprensa na sede do partido, após a divulgação dos mais recentes números do INE.

O dirigente socialista considerou que “as previsões do Governo e do primeiro-ministro são hoje letra morta” e que “chegou a altura de pedir explicações” a Passos Coelho, desafiando o chefe do Governo e presidente do PSD a dizer esta terça-feira na Festa do Pontal “para que foram pedidos tantos sacrifícios aos portugueses”.

Também o Bloco de Esquerda comentou a contração do Produto Interno Bruto (PIB) e o aumento do desemprego, considerando que confirmam o empobrecimento do país “que o Governo anunciou” e o “falhanço” de uma política de “obsessão” pelas reduções salariais e o aumento de impostos.

“Com estes dados económicos, de facto, o desemprego só poderia continuar a crescer e o Governo sabia bem disso quando anunciou o empobrecimento do país. E o Governo também sabia que com a obsessão que tem com o défice, com a obsessão que tem com os baixos salários e com a desprotecção social, conduziria também a uma selvajaria nas relações laborais e na protecção social”, afirmou a deputada do BE Mariana Aiveca.

A bloquista fez igualmente uma referência à Festa do Pontal dos sociais-democratas, que o PSD vai realizar “escondido numa sala”. “O Governo não quer dar a cara perante o país, perante os portugueses e as portuguesas relativamente àquilo que é o falhanço da sua política em relação ao crescimento económico e ao desemprego”, concluiu.

Para o PCP, os números do desemprego e da recessão divulgados esta terça-feira, são o resultado “óbvio” das “políticas de direita”. “A taxa de desemprego dos jovens, só no último ano, passou de 27,7 por cento para 35,5 por cento, o que é um dado arrepiante. Nós consideramos que isto são os resultados da política de direita que tem sido seguida, de corte nos salários, nas pensões, nas reformas, no Serviço Nacional de Saúde, na educação, nos apoios sociais, nos subsídios de desemprego, no investimento público e privado. Obviamente que todas estas políticas teriam que conduzir a esta profunda recessão em que o país vive”, disse à Lusa José Lourenço, da Comissão das Atividades Económicas do PCP.

Perante a taxa de desemprego jovem, José Lourenço considerou “perfeitamente natural que a emigração dos jovens se faça”. “Não há empregos e os que existem são de curta duração, não dão estabilidade aos jovens e um país que não aposta nos jovens é um país sem futuro”, declarou.

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