Lagarde saúda avanços europeus, mas pede mais

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Foto: Toshifumi Kitamura/ AFP Photo

A directora-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), a francesa Christine Lagarde, saudou na quinta-feira os “avanços” da cimeira de Bruxelas do final do mês passado, advertindo porém que será preciso “fazer mais” para vencer a crise da dívida. A Moody´s sublinha por seu lado que eles representam um custo elevado para os países mais ricos.

“Na semana passada, os dirigentes europeus puseram-se de acordo sobre importantes avanços na boa direcção”, sublinhou Lagarde num discurso em Tóquio, citada pela AFP. “É preciso fazer mais”, acrescentou no entanto de imediato.

A mesma responsável explicou que a eficácia destas medidas dependerá “da sua aplicação rápida e rigorosa”. Preveniu também que a crise económica, financeira e da dívida não afectava apenas a Europa, sublinhado que é “uma crise mundial”.

Na cimeira de Bruxelas de 28 e 29 de Julho, os dirigentes da zona euro decidiram pôr a funcionar um mecanismo que permitirá recapitalizar directamente os bancos através dos fundos europeus de resgate, respondendo assim a um pedido da Espanha, que pretendia evitar que o plano de salvamento dos seus bancos afectasse a dívida pública ao ponto de a tornar insustentável, mas apenas após a criação de um dispositivo único de supervisão financeira. Foi também anunciado que aqueles fundos poderão comprar directamente nos mercados primário e secundário títulos de dívida dos Estados.

Normalização dos mercados levará “alguns anos”

A agência de notação financeira (rating) Moody’s alertou, também ontem, que o acordo alcançado no final de Junho permite “reduzir os riscos de curto prazo” para a economia europeia, mas a um custo elevado para os países mais ricos.

“As medidas contidas no comunicado dos líderes da zona euro na sexta-feira passada vão reduzir os riscos a curto prazo de corrida aos depósitos ou de corte de acesso aos mercados de crédito”, diz a Moody´s num comunicado onde avalia os resultados da mais recente cimeira da UE.

A agência diz também que acredita que a declaração da cimeira confirma que “os decisores políticos estão inclinados a dar os passos necessários evitar o cenário severo e muito negativo para o crédito de uma desintegração gradual da zona euro, através de mais incumprimentos e/ou saídas” de países.

A agência constata, porém, que os “avanços no sentido de uma grande integração política e orçamental são feitos a um custo muito elevado, uma vez que os países da zona euro que de facto apoiam os outros vão ver a sua dívida aumentar, o que enfraquecerá a sua qualidade de crédito”.

“Além disso, dado que as decisões políticas são tomadas a posteriori, a Moody’s considera que uma normalização dos mercados da dívida soberana poderá levar vários anos”, conclui o comunicado da agência.

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