Cassano espera não ter colegas homossexuais na selecção italiana

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O avançado italiano é conhecido pelas suas afirmações polémicas Foto: Gabriel Bouys/AFP

O avançado Antonio Cassano disse hoje esperar que nenhum dos seus colegas na selecção italiana de futebol seja homossexual.

Em resposta a uma pergunta do jornalista Alessandro Cecchi Paone – que confrontou Cassano com a possibilidade de alguns dos jogadores italianos convocados para o Euro 2012 serem homossexuais –, o avançado do AC Milan pareceu surpreendido e acabou por responder: "O problema é deles, mas eu espero que não... Não sei." Pouco depois, acrescentou que espera não ter de falar mais sobre o tema. "Se não, já sabem que vou ser atacado por todos os lados", concluiu.

Antonio Cassano – que foi titular no jogo de estreia da selecção italiana no Euro 2012, num empate contra a selecção espanhola – tem acumulado declarações e comportamentos polémicos ao longo da sua carreira, o último dos quais resultou na sua saída da Sampdoria por ter insultado o presidente do clube, Riccardo Garrone.

Seleccionador de Itália condenou homofobia

O jornalista Alessandro Cecchi Paone, que questionou o jogador italiano sobre a possibilidade de alguns dos seus colegas na selecção serem homossexuais, é co-autor do livro Campione Innamorato: Giochi Proibiti Nello Sport, publicado em 2011. No prefácio do livro, o actual treinador da selecção italiana, Cesare Prandelli, escreveu: "No desporto italiano, e especialmente no mundo do futebol, a homossexualidade continua a ser tabu. Temos de nos dedicar a defender a verdade e a liberdade. Gostaria de ver alguns jogadores de futebol a assumirem-se [como homossexuais]."

"A homofobia é racismo e torna-se indispensável cuidarmos da forma como todos os indivíduos querem viver as suas próprias vidas, incluindo as estrelas do mundo do desporto", escreveu Cesare Prandelli.

O fim trágico de Justin Fashanu

Dos poucos casos de futebolistas conhecidos que assumiram a sua homossexualidade, o mais trágico foi o do inglês Justin Fashanu. Este avançado – que iniciou a carreira profissional em 1978 no Norwich City e que jogou em clubes da primeira divisão inglesa como o Manchester City, o West Ham ou o Southampton – assumiu publicamente a sua orientação sexual nas páginas do jornal The Sun em 1990.

Fashanu – que foi o primeiro futebolista negro a protagonizar uma transferência no valor de um milhão de libras, em 1981 – viu a sua carreira desabar a partir de 1990. Passou por clubes muito modestos, da 4ª divisão inglesa, como o Torquay United, antes de terminar a carreira em 1997, com passagens pela Nova Zelândia, Austrália e Estados Unidos.

Um ano depois, a 2 de Maio de 1998, Justin Fashanu enforcou-se numa garagem abandonada, perto de Londres, aos 37 anos de idade. O jogador tinha sido acusado de assédio sexual dois meses antes, por um adolescente de 17 anos de idade, quando vivia no estado norte-americano do Maryland.

Justin Fashanu deixou uma nota de suicídio: "Apercebi-me de que já tinha sido considerado culpado. Não quero continuar a ser um embaraço para os meus amigos e para a minha família."

Quatro meses depois do suicídio, a polícia dos Estados Unidos confirmou que nunca tinha sido emitido qualquer mandado de captura em nome do futebolista e que a investigação por assédio sexual tinha sido arquivada por falta de provas.

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