Peões com mais espaço e acesso à estátua do Marquês de Pombal

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O monumento vai estar acessível através de passadeiras Rita Baleia/arquivo

A partir do Verão, não vai ser preciso esperar pela vitória de um clube de futebol para chegar junto da estátua do Marquês de Pombal, em Lisboa. O monumento vai estar acessível a peões através de passadeiras, graças à alteração do trânsito na rotunda.

A Câmara de Lisboa quer aumentar o espaço pedonal nesta zona e diminuir o tráfego de atravessamento em direcção à Baixa, dando ao mesmo tempo uma nova cara à Avenida da Liberdade.

Passeios mais largos, menos vias, mais espaços verdes e menos estacionamento – são estes os ingredientes da receita camarária para ordenar e diminuir o número de carros na zona central da cidade. “Queremos melhorar a qualidade do ambiente urbano e do ar, enquanto ganhamos espaço para as pessoas usufruírem da nova dinâmica da avenida”, diz o vereador da Mobilidade, Fernando Nunes da Silva.

O autarca refere que “grande parte do tráfego da avenida [em período de ponta, chega aos 1500 veículos por hora] é de atravessamento, com destino à avenida marginal ou às colinas”. No entanto, “hoje em dia não é esse o funcionamento que interessa à cidade, até porque não faltam alternativas”, diz Nunes da Silva.

É dele e do vereador do Urbanismo, Manuel Salgado, a proposta que vai ser votada esta quarta-feira em reunião de câmara e que visa submeter o novo modelo de circulação a discussão pública, durante 30 dias. O objectivo é começar as obras na rotunda em Julho, que serão definitivas e “só não avançaram antes porque o túnel ainda não estava pronto”, afirma Nunes da Silva. Em Setembro, começa a ser testado o novo modelo de organização do trânsito na avenida. Só no final do ano se vai ficar a saber se esta mudança é permanente.

Na rotunda do Marquês os condutores passam a usar três vias – e não cinco, como actualmente – da rotunda interior para aceder às ruas mais movimentadas: avenidas Joaquim António de Aguiar, Fontes Pereira de Melo e da Liberdade. O acesso às secundárias (Rua Braancamp e Av. Duque de Loulé) e a circulação dos transportes públicos serão feitos através de uma rotunda exterior – que já existe, mas à qual falta o troço desde o Instituto Camões até ao outro lado da Av. da Liberdade. Entre as duas rotundas vai ser criado um jardim e um passeio. A intervenção vai custar “menos de meio milhão de euros”, adianta Nunes da Silva.

Na Avenida da Liberdade, as mudanças do trânsito serão resolvidas com sinalização vertical e obstáculos físicos. Quem está de passagem pela avenida, nas faixas centrais, passa a ter apenas duas vias em cada sentido (uma para veículos particulares e outra para transportes públicos) desde a Rua Alexandre Herculano até aos Restauradores. No meio, vai nascer uma zona com floreiras e um espaço pedonal.

A maior alteração passa pelas vias laterais, onde se diminui o estacionamento e alarga os passeios. As vias vão funcionar em círculo, o que implica alterações de sentido nalguns troços, e estarão reservadas ao trânsito local. “Vão servir apenas para entrar e sair dos quarteirões, deixa de ser possível percorrer as laterais do início ao fim da avenida”, diz Nunes da Silva.

No fundo, refere, “os automobilistas vão andar mais, mas vão andar melhor e com menor impacto na poluição”. Este é mesmo um dos motivos principais desta intervenção: em 2011, os valores-limite de partículas inaláveis na Avenida da Liberdade foram ultrapassados 113 vezes, quando o limite imposto por lei é de 35 vezes.

A criação da Zona de Emissões Reduzidas no eixo Avenida da Liberdade/Baixa não resolveu o problema. “Durante o segundo semestre, só conseguimos reduzir em 1% a concentração de poluentes”, diz Nunes da Silva. Se nada for feito, o Estado arrisca-se a pagar uma multa e a ser penalizado no acesso aos fundos comunitários.

Notícia corrigida às 9h05 de 23 de Maio:

corrige nome do vereador da Mobilidade

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