O espólio de José Saramago veio para Portugal para ficar

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Durante o dia de hoje entraram na Casa dos Bicos dezenas de caixas Daniel Rocha

O espólio de Saramago já está na Casa dos Bicos, em Lisboa, naquela que é agora a Fundação José Saramago e que abrirá portas em Junho. Depois de uma viagem marítima desde Lanzarote até Lisboa, as dezenas de caixotes com livros, documentos e objectos pessoais do escritor português entraram esta segunda-feira na Casa dos Bicos.

Pilar del Rio, presidente da Fundação José Saramago, e viúva do escritor, não esteve presente, ao contrário do que é habitual, porque está no México para o funeral de Carlos Fuentes, que morreu na semana passada. Mesmo assim assistiu à transferência das primeiras caixas através de uma videoconferência.

No site da Fundação, o momento foi assinalado com uma série de fotografias do camião e dos caixotes, acompanhada de um texto que tem como título “José Saramago entrou na Casa dos Bicos.

“Se o trabalho que uma pessoa realiza ao longo de uma vida o define como ser humano, e é a sua carta de apresentação, o seu primeiro eu, não deve surpreender que se diga que José Saramago já está na Casa dos Bicos, porque nela entrou o produto do seu esforço, o trabalho levantado dia a dia que o fez ser o homem que conhecemos”, lê-se no texto publicado.

Para Sérgio Machado Letria, director da Fundação José Saramago, apesar de hoje se tratar apenas da transferência de todos os objectos de um contentor para a Casa dos Bicos, é uma data que ficará marcada na história da Fundação. “Hoje é um dia importante, é o regresso de um conjunto de livros, inéditos, manuscritos, fotografias e até correspondência que constituem o legado de José Saramago”, disse o responsável que está a acompanhar a entrada dos caixotes.

Para os que esperavam ainda hoje conhecer alguns dos objectos que acompanharam Saramago em vida, não foi possível, uma vez que as caixas estavam fechadas e todo o material bem selado e protegido.

Do camião saíram para o interior da Casa dos Bicos, onde nos próximos tempos serão arrumadas e preparadas para a exposição “A semente e os frutos”, que marcará o arranque da Fundação. “Ainda não há uma data definida mas será na primeira quinzena de Junho”, contou Sérgio Machado Letria, explicando que a exposição será comissariada pelo espanhol Fernando Gomes Aguillera, responsável pela anterior exposição “ José Saramago: A consistência dos sonhos” com centenas de documentos, fotografias, pinturas e notas pessoais do Nobel da Literatura.

“A exposição que está a ser preparada apresentará inéditos e manuscritos, estarão cerca de mil livros expostos, terá um complemento multimédia, uma secção com alguns livros destacados e uma parte dedicada à cerimónia”, acrescentou Sérgio Machado Letria, explicando que depois da exposição os objectos continuarão na Fundação.

No ano passado, quando se assinalou um ano da morte do escritor, as suas cinzas foram depositadas junto a uma oliveira que veio da Azinhaga e a um banco de jardim feito de mármore em frente à Casa dos Bicos.

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