Se Game of Thrones for a série mais pirateada do ano, de quem é a culpa?

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Game of Thrones é uma fantasia medieval escrita originalmente por George R. R. Martin DR

A popularidade da série de televisão Game of Thrones está a virar-se contra a própria estação produtora, a norte-americana HBO. Sem distribuição nos serviços de video on demand mais usados nos Estados Unidos, como o Hulu ou o Netflix, a dificuldade dos seguidores da série em assistir aos episódios está a torná-la na mais pirateada de 2012, dizem analistas.

Game of Thrones

, fantasia medieval escrita originalmente por George R. R. Martin (os cinco livros estão editados em Portugal pela Saída de Emergência), está na segunda temporada e tem sido aplaudida pela crítica e recebida com entusiasmo pelo público. O que provoca um efeito bola de neve: quem acompanha as séries de televisão, quer ver as que estão na moda e ao mesmo tempo que os amigos e as comunidades a que pertence on e offline. Para muitos fãs, esperar pelos DVD não é hipótese. Hoje em dia, a pirataria é a solução mais cómoda.

A Big Champagne, empresa especializada em análise de mercado, está a acompanhar a evolução dos números no que diz respeito à pirataria de séries de televisão e Game of Thrones surge, neste momento, como a mais destacada. A 30 de Abril, os episódios da série da HBO chegaram a ser descarregados ilegalmente mais de 2,5 milhões de vezes. Num único dia. Ao todo, desde o arranque da segunda temporada, em meados do mês passado, os ficheiros disponíveis online foram descarregados 25 milhões de vezes.

A estimativa da Big Champagne, feita com base nos dados disponibilizados nos sites de torrents – tecnologia de partilha de ficheiros usada, por exemplo, no Pirate Bay –, atira Game of Thrones para o topo da lista de séries de televisão mais pirateadas. Ultrapassa Dexter (Showtime), cuja sexta temporada ocupou o primeiro lugar nas semanas anteriores. O que dá à HBO duas informações relevantes: primeiro, que a série tem uma vasta audiência; segundo, que não está a conseguir rentabilizar totalmente esse mesmo auditório.

De quem é a culpa? John Robinson, analista sénior da Big Champagne, diz que é da própria HBO. “Esta é claramente uma reacção ao facto de a série não estar disponível online em mais sítio nenhum”, diz, citado pela Forbes. “É uma estratégia muito delicada tentar criar este tipo de escassez.” Robinson referia-se ao facto de, nos Estados Unidos, a série estar só disponível aos subscritores da HBO e de televisão por cabo. Todos os outros – que costumam aceder a este tipo de conteúdos através de serviços de video on demand – são deixados de fora. No iTunes, apenas é possível comprar a primeira temporada.

O caso tem suscitado muita discussão online. Na mesma Forbes, Erik Kain, que escreve regularmente sobre tecnologia, jogos e entretenimento, sublinha que “a HBO está perder uma audiência em potência enorme”. “Claro que, por um lado, detesto ver pirateada uma série da qual gosto. Quero que a série seja um sucesso, e para o ser precisa de provar que atrai muita audiência. Mas a HBO só pode culpar-se a si própria neste momento.” Kain sugere que, para travar os números da pirataria, a estação crie o seu próprio serviço de video on demand que não exija uma assinatura de televisão por cabo. A HBO ainda não se manifestou.

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