Portugal é o 15.º melhor país para uma mulher ser mãe

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Parto aconteceu no hospital João Guilherme

Uma mulher portuguesa que seja mãe agora tem grandes probabilidades de ter estudado 16 anos, em 83% dos casos terá utilizado métodos contraceptivos e a sua esperança média de vida à nascença é de 83 anos.

Após o parto terá uma licença de maternidade de 120 a 150 dias, com 80% a 100% do vencimento, e em 90% dos casos vai amamentar. Estes são alguns dos dados que levaram o relatório State of the World’s Mothers 2012, publicado ontem pela organização internacional humanitária Save The Children, a considerar que Portugal é o 15.º melhor país para se ser mãe, num total de 165 países analisados.

O topo da lista

é ocupado em grande maioria por países do Norte da Europa, num ranking liderado pela Noruega, seguido da Islândia, Suécia, Nova Zelândia, Dinamarca, Finlândia, Austrália, Bélgica, Irlanda, Holanda, Reino Unido, Alemanha, Eslovénia e França. Logo a seguir a Portugal surge Espanha, depois a Estónia, Suíça, Canadá, Grécia e Itália. Os Estados Unidos aparecem apenas no 25.º lugar e a Áustria em 27.º.

No mesmo relatório publicado no ano passado, Portugal ocupava o 14.º lugar, mas em 2010 estava em 19.º. O documento deste ano indica que a probabilidade de uma mulher morrer hoje em Portugal por problemas associados à gravidez é de um em cada 9800 nascimentos e refere que, no trabalho, têm um horário diário para poder amamentar. Também o bebé é muito pouco provável que morra antes dos cinco anos e tem mais de 80% de probabilidade de frequentar o ensino pré-primário.

A investigadora Sofia Aboim, do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, em comentário ao relatório, salienta ao PÚBLICO que o ranking tem sobretudo em consideração “os indicadores de saúde” e áreas como as licenças de parentalidade e o acesso ao ensino pré-escolar.

Nesse sentido, a especialista em temáticas sobre a família explica que, apesar de a opinião pública nem sempre percepcionar as mudanças, “a verdade é que Portugal, nos últimos anos, conseguiu transformar a licença de maternidade numa licença de parentalidade e alargá-la, com um consenso que não acontece em todos os países”.

Sofia Aboim destaca também os bons indicadores de saúde do país – “que teve uma redução histórica da mortalidade infantil” – e o “recente aumento do número de lugares em creches públicas, que contribui para a qualidade de vida das mães e compatibilização” da família com o trabalho. Por oposição, aponta países como os Estados Unidos que, apesar de desenvolvidos, “têm o acesso à saúde muito dificultado, atingindo mortalidades durante a gravidez e parto de uma em cada 2100 mulheres”.

Na Noruega, país vencedor, a licença de maternidade varia entre os nove e os 12 meses, só há uma morte por cada 7600 gravidezes e morrem apenas três crianças até aos cinco anos por cada 1000 nascimentos.

Na cauda da lista estão países em desenvolvimento, com o Níger a ocupar o lugar de pior país do mundo para se ser mãe, com uma em cada 16 mulheres a morrer por problemas na gravidez ou parto, que só em pouco mais de 30% dos casos conta com um profissional de saúde. Naquele país, só 5% das mulheres usam contraceptivos e morrem 143 em cada 1000 crianças até aos cinco anos e um terço estão subnutridas. Antes surgem países como o Afeganistão, Iémen, Guiné-Bissau, Mali, Eritreia e Chade, Sudão, Sudão do Sul e República Democrática do Congo.

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