Guia prático sobre as provas de aferição

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Os alunos podem usar lápis, borracha e apara-lápis apenas no rascunho Foto: Fernando Veludo/NFactos

Mais de 110 mil alunos do 4.º ano do ensino básico vão fazer, quarta-feira, a prova de aferição a Português e, na sexta, a Matemática. Sem grande nervoso miudinho, mas pela última vez: este é o último ano em que estas provas não pesam na avaliação final do aluno.

A partir do ano lectivo 2012/2013, as provas contarão 25% para a nota final e, daí em diante, o seu peso aumentará para os 30%.

Há muitos anos que o investigador Nuno Crato criticava o que considerava ser o facilitismo dos exames e, logo que assumiu o cargo de ministro da Educação e Ciência, tratou de avisar que estes passariam a ser mais exigentes. Não surpreendeu assim a sua decisão de atribuir peso avaliativo às provas de aferição do 4.º e 6.º anos – neste caso os alunos serão, já este ano, chamados a fazer exames nos dias 19 e 22 de Junho, ou seja, na mesma altura que os alunos do 3.º ciclo do básico, a Português e Matemática, respectivamente.

A que horas começam as provas?

Às 10h00. A prova terá a duração total de 90 minutos, dividida em duas partes de 45 minutos e separada por um intervalo de 25 minutos.

O que não podem esquecer em casa?

Os alunos apenas podem usar, como material de escrita, caneta ou esferográfica de tinta indelével, azul ou preta. Os alunos podem usar lápis, borracha e apara-lápis apenas no rascunho. Não é permitido o uso de corrector.

Quantos alunos fazem as provas?

Mais de 110 mil, espalhados pelas 5103 escolas do 1.º ciclo do país.

O que é avaliado nestas provas?

A Português, a compreensão da leitura e o domínio da escrita. A Matemática, os conhecimentos sobre operações, geometria e tratamento de dados.

Nos dias das provas as escolas estão fechadas?

As escolas têm autonomia para encerrar. Alguns estabelecimentos de ensino optam por ter apenas os alunos do 4.º ano, que vão fazer a prova de aferição na escola, não oferecendo serviço lectivo aos restantes anos (1.º, 2.º e 3.º).

Quando serão afixados os resultados?

A 12 de Junho.

Quais são as metas enunciadas pelo MEC?

As positivas a Português devem chegar aos 95,3% e a Matemática aos 92,4%. Em 2011, atingiram os 86,7% e 79,6%, respectivamente.

E quanto aos alunos do 6.º ano?

Os alunos do 6.º ano já não realizam provas de aferição neste ano e, por isso, terminarão as aulas uma semana mais cedo, como os alunos do 9.º, 11º e 12º anos, que farão os exames na 1.ª fase. As provas realizam-se a 19 e 22 de Junho. Este ano, excepcionalmente, o resultado dos exames conta apenas 25% para a avaliação final. Daí em diante, o peso aumenta para os 30%.

Desde quando existem as provas de aferição?

As provas de aferição começaram por ser feitas por amostragem em 2003. A partir de 2007, a então ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, deu-lhes carácter universal, sendo que a filosofia inicial se manteve: os resultados não contam para a nota do aluno, destinando-se antes a avaliar o modo como as competências essenciais de cada ciclo estão a ser alcançadas. A decisão de lhes conferir peso na avaliação final do ano remetem para os exames da quarta classe que deixaram de se fazer em 1975.

A decisão de substituir as provas de aferição por exames que contam para a avaliação final foi consensual?

Não. A filosofia do MEC visa colocar exigência e rigor adicionais às escolas e aos professores, monitorizando a aprendizagem no final de cada ciclo de ensino, mas o presidente da Confederação Nacional de Pais, por exemplo, já disse temer um aumento das retenções no 4.º ano, ao mesmo tempo que alertou para o risco de segregação precoce dos alunos. O representante dos professores de Português também alertou para o risco de os docentes, pressionados pela preparação dos alunos para os exames, negligenciarem aspectos não quantitativos como a oralidade. A própria Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, de resto, criticou o que qualificou como a “atenção obsessiva” do sistema de ensino português aos exames. E, embora tenha desvalorizado a transformação das provas de aferição em exames, o analista da OCDE Paulo Santiago já lembrou que as práticas na sala de aula não podem ser dominadas pela preparação para os exames.

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