Repsol sofre corte de rating e perde 16% na bolsa em três dias

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Acções da Repsol caíram hoje 4,77% na bolsa de Madrid Foto: Susana Vera/Reuters

O anúncio da nacionalização da filial da Repsol na Argentina YPF levou a agência de rating norte-americana Standard & Poor’s (S&P) a baixar a nota da petrolífera espanhola, que nos últimos três dias perdeu na bolsa de Madrid 16,1% do seu valor. Espanha diz que conta com o apoio dos Estados Unidos para lutar contra a expropriação da empresa.

O rating da petrolífera baixou em um nível, de BBB para BBB-, o décimo grau mais elevado de 21 níveis de classificação. Esta é a primeira revisão em baixa que a filial da Repsol enfrenta depois de a Presidente argentina, Cristina Kirchner, ter anunciado a expropriação de 51% do capital da YPF, na segunda-feira.

A empresa arrisca-se a sofrer um novo corte, não só por parte da S&P, que mantém o rating da empresa sob perspectiva negativa, mas também das outras duas grandes agências de notação mundiais (Moody's e Fitch), que já colocaram a nota de crédito da Repsol sob revisão com implicação negativa, ou seja, com uma perspectiva de revisão em baixa.

A Repsol, até agora detentora da maioria do capital da companhia argentina, deverá ficar com uma participação minoritária (de 6,4%) na YPF, onde a Repsol tem metade da sua produção e um terço dos lucros antes de impostos.

O corte, diz a S&P, é consequência directa da perda de controlo do capital da YPF das mãos da companhia espanhola. Embora o grupo continue, na opinião da agência, com um risco de negócio “satisfatório”, o risco financeiro é agora “significativo”, quando antes estava classificada com um risco “intermédio”.

A decisão da Argentina provocou um efeito de turbilhão nas acções da Repsol na bolsa de Madrid, que, por sua vez, cedeu para mínimos históricos num momento ao qual não será alheia a forte pressão dos mercados financeiros face à situação económica de Espanha.

Num contexto de perdas generalizadas no Ibex 35 (o principal índice da praça madrilena), os títulos da Repsol perderam em três dias 16,1%. As acções desceram hoje mais de 4%, para os 14,665 euros, quando antes do anúncio da nacionalização valiam 17,48 euros.

A Moody’s, uma das três grandes agências norte-americanas que controlam o mercado de rating mundial, anunciou ontem que está a rever a nota da Repsol. Hoje, voltou a pronunciar-se sobre o caso, avisando que a expropriação terá um impacto negativo sobre as empresas espanholas que estão presentes na Argentina. Isto no mesmo dia em que o Governo argentino alargou a nacionalização da YPF à YPF Gas. Esta empresa é também controlada pela Repsol, através da Repsol Butano, que detém 84,99% do seu capital.

Espanha procura, entretanto, com o suporte da Comissão Europeia, o apoio da comunidade internacional travar a nacionalização. A pressão que tem exercido sobre o Governo de Kirchner para o demover da ideia de expropriar a YPF, considerada por Buenos Aires de “interesse público”, foi hoje repetida pelo ministro espanhol dos Negócios Estrangeiros.

José Manuel García-Margallo disse ter o apoio dos Estados Unidos, posição que lhe terá sido transmitida pela Secretária de Estado norte-americana, Hillary Clinton, à margem de uma reunião diplomática em Paris centrada na questão síria. O Governo espanhol está a avaliar as medidas “oportunas e legalmente possíveis” a tomar para impedir a nacionalização, insistiu, sem adiantar mais pormenores.

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