Alemanha lamenta dificuldades na criação de agência de notação europeia

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Foto: Ralph Orlowski/ Reuters (arquivo)

A Alemanha considerou hoje “lamentável” um eventual fracasso do projecto para criar uma agência de notação (rating) financeira europeia, em contraponto às três grandes agências norte-americanas, sublinhando, porém, que tal iniciativa deve ser privada, e não dos Estados.

“Somos a favor de uma maior concorrência entre as agências de rating, mas tem de ser iniciada pelos mercados, pela iniciativa privada”, disse em Berlim o porta-voz do Governo germânico, Steffen Seibert, lembrando as posições anteriormente assumidas pela chanceler Angela Merkel.

O pano de fundo das declarações do responsável germânico foi a notícia publicada hoje na edição alemã do Financial Times (FTD) de que a consultora alemã Roland Berger não conseguiu reunir o capital de 300 milhões de euros necessários à criação de uma agência de rating europeia para quebrar a hegemonia da Moody’s, da Fitch e da Standard & Poors, que têm fustigado os países da zona euro, incluindo Portugal, com notas negativas.

Em conjunto, as três agências em questão detêm 95% do mercado, e na opinião de vários economistas foram co-responsáveis pela actual crise, ao avaliarem de forma demasiado positiva bancos de crédito hipotecário norte-americanos que estiveram na origem da chamada crise do subprime e da crise financeira do final de 2008 que se seguiu à falência do Lehman Brothers.

Políticos europeus acusaram também a Fitch, a S&P e a Moody’s de terem contribuído sobremaneira para a crise da zona euro, ao avaliarem de forma muito negativa a Grécia e Portugal, nomeadamente. Na sequência dessas críticas, tem havido diligências para criar uma agência de rating europeia, apostando, sobretudo, no projecto da Roland Berger.

Banca alemã e francesa pouco interessada

O projecto em questão prevê uma rotação entre as agências de rating por parte das instituições que se submetem à avaliação das mesmas, quer Estados, quer privados.

Para arrancar, necessita, no entanto, de um capital inicial de 30 milhões de euros, e a Roland Berger contava, sobretudo, com o apoio de grandes bancos alemães e franceses, que no entanto têm mostrado pouco interesse no projecto, relata o FTD.

A Roland Berger rejeitou inicialmente apoios estatais, para evitar que a futura agência fosse acusada de parcialidade nas suas apreciações.

Nos últimos tempos, porém, face às dificuldades em fazer avançar o projecto, o consultor alemão terá sondado Berlim quanto à possibilidade de a futura agência ser financiada com um imposto sobre transacções financeiras, ou uma taxa sobre as actividades empresariais, garante o FTD.

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