Nova vida para a editora Teorema na Leya seguindo a sua tradição de qualidade e inovação

Foto
A Teorema foi renovada Pedro Cunha

As editoras Maria do Rosário Pedreira e Carmen Serrano vão tentar reinventar a Teorema em tempo de crise. Até Setembro publicarão sete títulos e esta será a chancela onde se publicará o que “novo, diferente e interessante”.

A Teorema foi renovada e irá ser no grupo Leya, a chancela com “um toque de vanguarda”, onde se publicará o que é “novo, diferente e interessante”, obras de qualidade que saiam um “bocadinho fora do baralho”. A editora, que no passado apresentou aos leitores portugueses obras que marcaram a década em que foram publicadas, como “Menos que Zero”, “Geração X” ou “O Psicopata Americano”, conta agora com as editoras Maria do Rosário Pedreira (para os autores portugueses e latinos) e Carmen Serrano (para os romances de estreia anglo saxónicos) para se reinventar em tempo crise.

Até Setembro, a Teorema lançará 7 títulos (quatro estrangeiros e três portugueses) de “novos autores portugueses e estrangeiros”, aqueles autores que “vão marcar a história da literatura do século XXI”, explicou ontem João Amaral, director-coordenador de edições gerais da Leya, numa apresentação à imprensa.

Num momento “particularmente difícil da economia nacional e sobretudo do mercado editorial”, João Amaral considerou que esta é “uma jogada de risco” mas ao mesmo tempo “uma aposta, forte, séria e empenhada”.

Consideraram ser indispensável, neste momento de crise e de cada vez menos exposição dos livros nas livrarias, “encontrar um lugar para os novos autores”. Apostam na Teorema “respeitando o que foi uma tradição da marca: de inovação, de fazer novo, diferente, interessante”, acrescentou João Amaral.

A Teorema foi criada por Carlos Araújo em 1973, a que se juntou Carlos Veiga Ferreira em 1985 (editor que a acompanhou até 2010, ano em que saiu da Leya e criou a Teodolito). Depois da sua saída a editora esteve a cargo de José Oliveira e, nos últimos meses, estava sem editor. Mais do que respeitar uma herança – que é essa de ser irreverente, vanguardista, inovadora – Maria do Rosário Pedreira e Carmen Serrano querem “reinventar essa herança à luz dos tempos que vivemos”.

Vão publicar o primeiro romance do comissário de bordo João Rebocho Pais, “O Intrínseco de Manolo”, que pensava editar o livro só para os amigos e acabou a editá-lo na Leya. Quase por mero acaso, Maria do Rosário Pedreira leu este “romance escatológico”, que se passa na aldeia alentejana de Cousa Vã, vizinha da espanhola Ciudad del Sol, e decidiu publicá-lo. Sairá na Teorema também o primeiro romance de Bruno Margo, intitulado “Sandokan e Bakunine”, que foi finalista do Prémio Leya no ano em que este não foi atribuído. A obra foi entretanto reescrita pelo autor, que vive em Itália e trabalhou em cinema durante anos. É “uma história à David Lynch”, segundo a editora. E ainda, o segundo romance de Paulo Bandeira Faria, “A despedida de José Alemparte” (uma obra arrojada em matéria sexual), que é autor do romance “As Sete Estradinhas de Catete” publicado por Maria do Rosário Pedreira antes de estar na Leya.

Em Maio, publicarão o romance de estreia da norte-americana Rebecca Makkai, “Longe da Terra”. Esta professora de Chicago tem contos publicados nas antologias “Best American Short Stories” dos últimos quatro anos e, em 2009, venceu o Goodheart Prize for Fiction. Este livro sobre uma bibliotecária e um rapaz que acampa na biblioteca, tem “uma certa inocência que é enternecedora”, disse Carmen Serrano. É um romance sobre os livros que lemos e as histórias que contamos a nós próprios.

“O Pombo Inglês”, de Stephen Kelman, que “conseguiu a rara proeza, como estreante, de ter sido finalista do Man Booker Prize do ano passado”, é o título que será editado pela Teorema em Junho. “Escrito numa linguagem coloquial, até com incorrecções propositadas de português”, tem como ponto de partida a morte de um menino nigeriano de 10 anos, pelos seus dois irmãos, em 2000, num dos bairros desfavorecidos de Londres. “É baseado num acontecimento real”, explicou Carmen Serrano. O autor decidiu escrever quando ficou desempregado. Perdeu o Booker para Julian Barnes.

Em Julho será editado “Annabel”, da inglesa Katheleen Winter, que aborda a questão de género, referindo a história de um hermafrodita nascido em 1968, numa vila canadiana. Foi finalista do Orange Prize em 2011.

E por fim, em Agosto, a saída de “Submissão”, o primeiro romance de Amy Waldman, que foi repórter do “New York Times” e está nomeado para o Orange Prize 2012 a atribuir no dia 17 de Abril. É sobre a América pós 11 de Setembro, a autora imagina que o projecto escolhido para fazer o memorial às vítimas é de um arquitecto muçulmano.

As capas de todos os livros desta chancela que quer “ser vanguardista, inovadora, lançar para o mercado autores que ainda não são ninguém mas depois o tempo vai confirmar que se são grandes autores e que se tornam grandes autores internacionais”, são de Rui Garrido, director de arte da Leya.

Sugerir correcção
Comentar