Praxe suspensa em Coimbra após agressões a duas alunas

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Estão suspensas, em Coimbra, "todas as actividades praxísticas no que diz respeito à chamada ‘praxe de gozo e de mobilização’” Sérgio Azenha/arquivo

O Conselho de Veteranos da Universidade de Coimbra decidiu suspender “todas as actividades” relacionadas com a “praxe de gozo e de mobilização”, depois de ter tomado conhecimento de “atitudes que no mínimo se podem classificar como desviantes”.

Ao que o PÚBLICO conseguiu apurar, um aluno do 3.º ano de Ciências da Educação terá agredido com cabeçadas e bofetadas duas alunas de Psicologia durante uma praxe realizada às quatro da manhã em frente à faculdade. Há, no entanto, duas versões do episódio: uma diz que as agredidas são caloiras que se recusaram a ser praxadas e a assinar o documento de rejeição da praxe; outra que são duas alunas não caloiras que chamaram a atenção da violência da praxe que estava a ser feita à chuva e acabaram agredidas pelos comentários feitos. O caso terá acontecido no início do ano lectivo, em Outubro ou Novembro de 2011.

O PÚBLICO soube que as duas agredidas tiveram de receber tratamento hospitalar, sendo examinadas por médicos do Instituto de Medicina Legal. O caso deverá seguir para o Ministério Público. A direcção da Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação já conhece o caso.

O Conselho de Veteranos reuniu-se na quarta-feira e decidiu suspender a “praxe de gozo e de mobilização” até averiguar os factos. A decisão foi publicada em decreto na quinta-feira e comunicada na sexta. Na próxima semana, as partes envolvidas serão ouvidas.

“Recebemos algumas queixas e, dados os indícios, o Conselho de Veteranos decidiu que seria melhor suspender a praxe de gozo e mobilização para averiguar os factos”, adianta ao PÚBLICO João Luís Jesus, o dux dos veteranos. “É uma medida preventiva para não inquinar a averiguação”, explica. Sobre o episódio, não fala. “Tudo o que possa ser dito neste momento é pura especulação”, refere.

Depois de apurar o que aconteceu, será tomada uma decisão. “Caso se verifique que houve infracção à praxe, serão tomadas as devidas medidas”, diz João Jesus, acrescentando que as “agressões não têm nada a ver com a praxe, pelo menos em Coimbra”. “Se houve agressão, terá de se apresentar queixa à polícia.”

No comunicado, partilhado na página do Conselho no Facebook e afixado na Associação Académica de Coimbra, o Conselho de Veteranos revela que teve conhecimento que alguns “doutores/as” da universidade “andam a ter atitudes que, no mínimo, se podem classificar como desviantes dos princípios e orientações da praxe académica”. Nesse sentido, vem a decisão de suspender as actividades da chamada “praxe de gozo e de mobilização”.

Contactado pelo PÚBLICO, o presidente da Associação Académica de Coimbra, Ricardo Morgado, lamenta o sucedido e considera fundamental que se averigue o que realmente se passou. “Lamentamos o indevido uso da praxe, esperamos que sejam apuradas responsabilidades e que haja consequências, se se confirmar o que dizem que se passou”, refere.

Notícia actualizada às 23h54

: acrescenta mais informação sobre o caso.

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