Ministério Público abre inquérito a morte de bebé vacinado com Prevenar e RotaTeq

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As vacinas em causa não integram o Plano Nacional de Vacinação e são geralmente dadas em conjunto Paulo Ricca

O Ministério Publico abriu um inquérito ao caso do bebé de cerca de cinco meses que morreu menos de 24 horas depois de lhe ter sido administrado, em conjunto, a vacina RotaTeq, destinada a prevenir gastrenterite provocadas pelo rotavírus, e a Prevenar13, usada para prevenir infecções como a pneumonia ou a meningite.

A morte da criança levou a Autoridade Nacional do Medicamento e Produtos de Saúde (Infarmed) a suspender, na segunda-feira passada, dois lotes destas duas vacinas que incluem cerca de 34 mil doses.

Numa nota, o Infarmed sublinha que a suspensão se tratou de "uma medida de prevenção" e que pode não haver qualquer relação entre a morte da criança e a inoculação. Os resultados da autópsia só serão conhecidos dentro de semanas.

O bebé frequentava uma creche em Camarate, no concelho de Loures e morreu após a vacinação, que costuma ser feita em conjunto. As duas vacinas são recomendadas pelos pediatras, mas não constam do Plano Nacional de Vacinação (PNV-administração gratuita), têm que ser compradas pelos pais, sem comparticipação (a RotaTeq inclui três doses, cada uma a 53 euros, a Prevenar13 exige quatro doses a 71 euros cada uma) e podem ser dadas nos centros de saúde.

No lote em causa da RotaTeq, foram distribuídas em Portugal, desde Janeiro deste ano, 9080 doses que foram quase todas administradas, informa o laboratório que a produz, a Sanofi Pasteur. No caso da Prevenar13 o lote suspenso incluía 25 mil doses que começaram a ser distribuídas em Dezembro do ano passado, refere a Pfizer, desconhecendo quantas não foram administradas. Ambos os laboratórios realçam que este é o primeiro caso deste tipo de que têm conhecimento.

Desde o seu lançamento em Portugal, em Outubro de 2006, já foram distribuídas 262 mil doses da RotaTeq, o que abrangerá cerca de 93 mil crianças. A vacina está aprovada em 107 países, tendo sido dadas 66 milhões de doses, refere a porta-voz da Sanofi Pasteur, Margarida Martins.

No país, a cobertura vacinal contra o rotavírus (que é uma das causas mais frequentes de gastrenterite pediátrica), incluindo a outra vacina no mercado, rondará os 43%. A porta-voz explica que há estudos em países europeus com taxas de vacinação mais altas do que Portugal que apontam para uma redução de 80% a 100% nas hospitalizações e deslocações às urgências por gastrenterites provocado por aquele vírus.

Desde o lançamento da vacina contra a bactéria streptococcus pneumoniae (Julho de 2001), em Portugal foram distribuídas cerca de 2,8 milhões de doses de Prevenar (nome que tinha até 2009) e Prevenar13 (nome actual). "Fazem parte do plano nacional de vacinação da criança em mais de 50 países, tendo sido distribuído mais de 400 milhões de doses a nível mundial", refere a porta-voz da Pfizer, Helena Novais. O laboratório estima que a cobertura vacinal em 2011 tenha sido superior a 70%.

A Direcção Geral de Saúde não tem ainda qualquer resultado dos exames técnicos e periciais pedidos no âmbito deste caso ou previsão de quando eles possam estar concluídos.

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