À Lupa: Benfica teve mais banco

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1. Sem contar com os guarda-redes, Jorge Jesus fez descansar Gaitán e Cardozo, enquanto Vítor deixou Maicon, James Rodríguez e Janko de fora do “onze” inicial. Rotações perfeitamente admissíveis e que não impediram nenhum dos clubes de apresentarem cabeças de cartaz e equipas competitivas. O futebol e a Taça da Liga foram respeitados e, à custa disso, os +belíssimo jogo, que teve de tudo, incluindo duas cambalhotas no marcador. Ganhou o Benfica porque soube resistir, primeiro à força do adversário e depois ao infortúnio. Perdeu o FC Porto porque teve um trabalho defensivo incompetente (principalmente nas bolas paradas) e porque, desta vez, não teve estabilidade psicológica para manter a vantagem. E, claro, porque Cardozo é ainda mais garantia de golos quando joga com o FC Porto.

2. O empate ao intervalo era justíssimo. O Benfica mandou durante os quatro primeiros minutos, o FC Porto controlou até à passagem da meia hora, mas a equipa portista voltou a ficar num plano de inferioridade até à hora de descer ao balneário.

3. Mas foram domínios muito diferentes. O Benfica começou por tirar partido da boa entrada de Bruno César (que depois foi perdendo gás), ainda por cima conjugada com as dificuldades defensivas reveladas por Alex Sandro (que estaria bem melhor a atacar). Com Moutinho em grande e Javi García a ser condicionado pela acção de Lucho (a única vantagem da sua colocação tão central e adiantada), o FC Porto apresentou depois uma dinâmica e capacidade pressionante superiores, beneficiando ainda de ter sempre as linhas próximas. À custa disso, controlava a zona central e criava desequilíbrios permanentes nos corredores laterais (Maxi Pereira viu-se e desejou-se para lidar com o adiantamento de Álvaro Pereira).

4. A defesa portista passou por grandes calafrios em meia dúzia de livres e cantos. Por incompetência própria, mas também fruto das bolas teleguiadas de Aimar. Poucos treinadores valorizam estes lances como Jesus (que os considera o quinto momento num jogo) e o FC Porto teve então a fortuna do seu lado (três bolas nos postes).

5. No primeiro golo, Mangala passou mal, Alex Sandro parecia em slow motion, mas também houve uma assistência de Bruno César e um enorme remate de Maxi. O empate caiu aos trambolhões e o golo nem devia ser atribuído a Lucho, porque a bola não ia na direcção da baliza antes de esbarrar no peito de Javi García. O espanhol esteve quase sempre apático (excepção no livre em que assistiu para o golo de Nolito) e contribuiu para as dificuldades do Benfica, até porque Witsel não dava as ajudas necessárias.

6. O FC Porto entrou melhor no segundo tempo, só que Lucho não aproveitou mais um desequilíbrio criado por Hulk. Mas o Benfica foi ficando mais forte à medida que entraram Gaitán, Cardozo e Saviola, que substituiu Nélson Oliveira (ainda muito cru para jogar sozinho entre os centrais). Ao contrário, João Moutinho foi perdendo dinâmica e influência, enquanto os reforços do FC Porto não funcionaram como tal.

7. Tão ou mais decisivo na definição do vencedor acabou por ser a noite para esquecer de Mangala. O francês marcou um golo e é um central muito promissor, mas entrou em delírio e cometeu falhas inadmissíveis. No lance do golo de Cardozo até pareceu lento, ele que tem na velocidade a principal qualidade.

8. Mas o FC Porto foi colectivamente incompetente no lance que definiu o jogo. Porque o contra-ataque do Benfica começa após uma perda de bola de Hulk junto à bandeirola, não se percebendo como é que a equipa portista ficou tão exposta e desorganizada. bprata@publico.pt

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