Portugal arrisca novo resgate se não conseguir financiar-se até 2016, admite Smaghi

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Lorenzo Bini Smaghi admite que a Irlanda venha a precisar de um pacote financeiro adicional Foto: Max Rossi/Reuters

Portugal pode “não ser capaz de voltar aos mercados” no próximo ano e poderá precisar de receber um novo resgate a rondar os 100 mil milhões de euros, escreve Lorenzo Bini Smaghi, antigo membro da comissão executiva do Banco Central Europeu (BCE), num artigo de opinião publicado pelo Financial Times no seu site.

Os mercados parecem estar a conviver relativamente bem com “a maior reestruturação de dívida soberana de sempre [no caso da Grécia]”, mas agora “estão focados na próxima vítima” – Portugal – que pode “não ser capaz de voltar ao mercado” em 2013, considera o italiano Smaghi.

“A rentabilidade das obrigações de dívida soberana portuguesa subiram para níveis próximos dos da Grécia há uns meses” e as autoridades europeias declararam que o país “era o único [a obter um novo resgate]” e que “não haveria” mais nenhuma reestruturação.

Contudo, duas estratégias são possíveis para Smaghi: uma “é fazer o mesmo que no passado”, e a segunda era “criar uma barreira” que garantiria que a Grécia fosse a excepção.

Neste último caso, deveria reconhecer-se “de imediato” que “Portugal poderá não ser capaz de voltar ao mercado da dívida no próximo ano e que vai precisar de um novo resgate se não for capaz de se financiar até 2016, necessitando aproximadamente de 100 mil de euros”, salienta.

A surge no mesmo dia em que o comissário europeu Olli Rehn, de visita a Portugal, admitiu que a Comissão Europeia possa reforçar a assistência a Portugal. Embora tenha considerado que não é do interesse do país, nem da zona euro, “começar agora a falar de um novo programa”, Rehn admitiu essa possibilidade. Desde que o Governo cumpra o memorando de entendimento e as metas orçamentais, Bruxelas pode ajudar o país a fazer a “ponte” para o regresso aos mercados.

Para Smaghi, também a Irlanda, o segundo país a ser intervencionado pela União Europeia e o FMI, poderá precisar de um pacote adicional de 80 mil milhões de euros.

A estratégia europeia de resposta à crise, diz ainda, tem um problema de “confiança”. “Como se pode garantir que estes países que estão a receber a ajuda, a começar por Portugal, vão cumprir o programa e não ser complacentes, como a Grécia?”, questiona.

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